A tradicional posição de neutralidade do Brasil, que mantém relações com todos os países do mundo, pode ajudar na busca de consenso em temas como a paz e o aquecimento global. É que afirma o embaixador dos Países Baixos em Brasília, André Driessen.
Apesar dessa vantagem comparativa em relação a outros atores, Driessen considera o Brasil um país difícil para fazer negócios. Ele cita a burocracia e o complexo sistema de impostos e contribuições. A Reforma Tributária, após regulamentada, vai melhorar a imagem do país, avalia o embaixador.
— O Brasil é um grande mercado, com um número enorme de consumidores, mas é visto como um lugar em que não é fácil fazer negócios. Tem o famoso custo Brasil, a burocracia, a conhecida regulamentação tributária. É bem complicado. Mas como o Brasil é um mercado grande, as empresas estão contentes — afirmou.
Ele afirma que entre as empresas, um dos primeiros pontos difíceis citados para fazer negócios é a questão tributária. O Brasil tem um sistema com diferentes regras entre União, estados e municípios.
— A Reforma Tributária também vai melhorar a imagem do Brasil — disse ele.
O embaixador disse ainda que o consumidor holandês vê o agronegócio brasileiro com uma “imagem problemática”.
— Sejamos honestos, é uma imagem problemática (sobre o agro), pelo que a agricultura brasileira tem feito no meio ambiente. O desmatamento está relacionado com a agricultura. O grande desafio que a Holanda está trabalhando é fazer uma agricultura mais sustentável e este é o desafio do Brasil. Estou convencido de que o agricultor brasileiro pode dar esse passo, por ser tão avançado.
Para ele, o Brasil tem “dinheiro, conhecimento, terra fértil, todas as condições para produzir de forma mais sustentável”.
— Não precisa desmatar — afirmou. — A regulação da União Europeia, em meu ponto de vista, ajuda, pois de vez em quando o setor privado precisa de um puxão para fazer o certo. Na Amazônia, a coisa está mais ou menos virando para a direção correta, mas não no Cerrado.
Driessen defende que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia será importante não só para a agricultura, como também para serviços e na indústria. O acordo é negociado há décadas e, neste momento, tem a França como principal opositora.
— A assinatura desse acordo será um desafio, pois temos as eleições europeias, que vão parar a possibilidade de negociar, mas não podemos perder a esperança.
Fonte: O Globo