Acordo de Biden para soltar Assange é bom tema para novo vazamento do WikiLeaks

Apoiadores de Julian Assange pedem sua libertação em Viena, em 2022
Apoiadores de Julian Assange pedem sua libertação em Viena, em 2022 — Foto: Joe Klamar/AFP

As Ilhas Marianas do Norte foram descobertas em 1521 por um navegador português a serviço do rei da Espanha. Tempos depois, seriam vendidas à Alemanha, tomadas à força pelo Japão e finalmente ocupadas pelos Estados Unidos.

Nesta quarta (noite de terça no Brasil), o pequeno arquipélago do Pacífico foi palco de uma notícia global. O australiano Julian Assange reconquistou a liberdade, depois de 12 anos de prisão e confinamento no Reino Unido.

Assange fundou o WikiLeaks para divulgar documentos secretos de interesse público. Em 2010, o site revelou milhares de papéis sobre a atuação americana no Afeganistão e no Iraque. O vazamento expôs abusos contra civis, comprovou crimes de guerra e desmontou mentiras contadas pelos porta-vozes do Império.

Alçado ao posto de celebridade, o australiano despertou desejos de vingança em Washington. Ameaçado de extradição, passou sete anos refugiado na embaixada do Equador em Londres. Depois foi recolhido a um presídio de segurança máxima, onde amargaria mais cinco anos de isolamento.

O calvário começou a terminar nesta segunda. Assange foi acordado de madrugada, algemado e transportado em sigilo até o aeroporto de Stansted. Lá iniciou a longa viagem até as ilhotas do Pacífico, oficializadas como território americano em 1986.

Pelo acordo com a Casa Branca, o australiano vai se apresentar a um tribunal e se declarar culpado numa das 18 acusações por violação de segredos de Estado. Como já cumpriu a pena prevista em lei, o processo será encerrado, e ele poderá voltar para casa com a família.

Em acordo com a Casa Branca, o australiano se apresentou a um tribunal e se declarou culpado numa das 18 acusações por violação de segredos militares. Como já havia cumprido o equivalente à pena de 62 meses, o processo foi encerrado, e ele foi autorizado a voltar para casa.

A libertação encerra a batalha judicial, mas não elucida todos os mistérios que envolvem Assange. O fundador do WikiLeaks continuará a dividir opiniões apaixonadas. Defensores o veem como herói, e detratores tentam reduzi-lo a uma marionete do Kremlin.

Resta entender por que o presidente Joe Biden topou o acordo para soltá-lo agora, às vésperas da eleição americana. Bom tema para um próximo vazamento de documentos secretos.

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Fonte: O Globo

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