O Estado de S. Paulo traz neste domingo (12), uma reportagem que chama a atenção. A pretexto de divulgar a atividade parlamentar, deputados federais estão usando recursos públicos para gerir canais “monetizados” no YouTube, pelos quais recebem pagamentos de acordo com a visualização de vídeos. Eles contratam empresas com dinheiro da cota parlamentar e usam assessores pagos pela Câmara para gerir os canais. O YouTube não informa o valor dos pagamentos. Respostas “Em nenhum momento estou dizendo que quero ter lucro com o YouTube. Estou dizendo que, eventualmente, se o dinheiro fosse para cobrir um rombo do mandato, eu acho que não é imoral.”
DEPUTADA FEDERAL (PSL-SP) Carla Zambelli “Não há imoralidade ou improbidade.” DEPUTADA FEDERAL (PT-PR) “Os gastos são diretamente relacionados com a atividade parlamentar, inexistindo qualquer desvio de finalidade.” ASSESSORIA DE IMPRENSA DE JOICE HASSELMANN (PSL-SP) Gleisi Hoffmann Deputados da base governista e da oposição transformaram a divulgação da atividade na Câmara num negócio privado. Eles recorreram a empresas contratadas com dinheiro da cota parlamentar e assessores pagos pela Casa para gerir canais monetizados no YouTube, com vídeos que arrecadam recursos de acordo com o número de visualizações. A prática vem sendo chamada de “toma lá, dá cá” nos corredores do Congresso.
O Estadão identificou ao menos sete parlamentares que estão ganhando dinheiro dessa forma. A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) é uma delas. Em junho ela gastou R$ 4 mil da cota parlamentar com uma firma que trabalha na edição do conteúdo que posta. O alcance dos vídeos gerou a Carla R$ 23.702, dos quais diz ter recebido já R$ 15,1 mil do YouTube.
Além dela, os deputados Joice Hasselmann (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF), Otoni de Paula (PSC-RJ), Paulo Pimenta (PTRS) e Flordelis (PSD-RJ) também contrataram empresas com dinheiro da cota parlamentar para fazer edição e montagem dos vídeos apresentados em seus canais no YouTube. Já Gleisi Hoffmann (PT-PR) recorreu a assessores pagos pela Câmara para manter seu canal. Destes, apenas Pimenta e Otoni de Paula disseram à reportagem ter desistido da monetização. Os únicos deputados que informaram ao jornal quanto teriam recebido foram Otoni, Gleisi (R$ 32,3 mil) e Carla. Procurado pela reportagem, o YouTube não informou os valores repassados aos parlamentares, alegando sigilo de informação. Esse dinheiro que vai para o bolso dos deputados não é alvo de fiscalização e controle da Câmara. A instituição não inclui a prática, que é nova, na lista de irregularidades.