Monsenhor Antenor completa 56 anos de ordenação sacerdotal nesta quarta-feira

Monsenhor AntenorO Blog do Marcos Dantas recorre ao artigo “Um homem de fé, talentos e muitos sonhos”, de autoria do advgado seridoense Fernando Antônio Bezerra para homenagear Monsenhor Antenor Salvino de Araújo, pela passagem dos 56 anos de sua ordenação sacerdotal, nesta quarta (06):

Ele é um sonhador, mas poucos realizaram como ele. Diz o que pensa, com coragem, apresentando-se com autenticidade. Também é radialista, missivista, genealogista dos melhores, sertanista, professor, construtor, um dos ícones da Festa de Sant’Ana e, principalmente, homem de fé. Quem conhece Caicó já imagina sobre quem estou falando… Aliás, de quem falo com muito orgulho, porque além de seu afilhado e primo, tenho o prestígio de sua amizade e marcas de suas lições em minha vida. Refiro-me ao Monsenhor Antenor Salvino de Araújo, seridoense nascido em Caicó, criado nas veredas rurais do Piató de seus avós Joaquim e Filomena, mas que se reconhece também como judeu da diáspora; sacerdote católico atualmente com o título de Pároco Emérito de Sant’Ana de Caicó e detentor da honraria permanente de Conde porque, ao longo de muitos anos, construiu um sonho em forma de Castelo que depois tentou transformar em Liceu de Artes e Ofícios, mas não dependia apenas dele.

Filho de Odilon Salvino de Araújo e Maria Rosa de Medeiros, Monsenhor Antenor nasceu no dia 22 de agosto de 1929, mas sua data de maior celebração é 6 de janeiro de 1960, dia de sua ordenação sacerdotal. Foi à pia batismal apadrinhado por Eduardo Gurgel de Araújo e Altiva Dantas Gurgel e recebeu a ordem sacerdotal pela imposição das mãos de Dom Manuel Tavares de Araújo depois de ter sido fundador, como aluno da primeira turma, do Seminário Diocesano Santo Cura d´Ars e ter vencido todas as etapas de formação nos Seminários de João Pessoa e São Paulo. Aliás, também participou da fundação da Emissora de Educação Rural de Caicó, para a qual foi um grande colaborador e onde, desde o início, apresenta semanalmente o programa “O Mundo Bíblico”.

No magistério, atuou de 1961 a 1976, no Colégio Diocesano Seridoense e no Instituto de Educação, atualmente, Centro Educacional José Augusto, ministrando disciplinas de Francês e História Sagrada. Como Vigário – assim se chamava o Pároco até bem pouco tempo – trabalhou, além de Caicó, em Serra Negra do Norte (1961 a 1967) e Jucurutu (1967 a 1977). Mas, sua biografia, seguramente, está fortemente marcada por sua atuação, de 1960 a 2007, na Páróquia de Sant’Ana de Caicó onde estruturou a Paróquia e transformou a Festa da Padroeira na maior Festa de Sant’Ana do Brasil! Sua presença firme e corajosa, a voz inconfundível liderando os grandes momentos da Festa, acolhendo e reconhecendo as pessoas e suas famílias era um atrativo adicional aos festejos de Sant’Ana. Ademais, é ele próprio o melhor a expressar o sentimento de caicoense que manifesta a certeza de que, aqui, se faz tudo o que há de melhor!

A Festa, além de ser uma manifestação de fé bem conduzida por Monsenhor Antenor e equipe durante 47 anos, também era a sua tribuna onde, dentre tantos relatos e pedidos, bradou em favor da construção da Barragem Ivanor Pereira, na Passagem das Traíras, e propôs insistentemente a construção da Ilha de Sant’Ana no leito do Rio Seridó. Monsenhor Antenor, além de excelente tribuno, é um administrador competente. Talvez tenha sido, em alguns momentos, até incompreendido, mas, mesmo antes de deixar a titularidade da Paróquia, a cidade e os paroquianos já o reconheciam como alguém que sonhou, planejou e realizou. E tudo fez com sobriedade. Aliás, esta também é uma marca em sua vida pessoal. Apesar de seu fascínio pela arte e por peças históricas, sempre se limitou a regras bem claras de economia, planejamento e disciplina.

É importante destacar, também, a sua condição de missivista. Ele escreveu e, Graças a Deus, ainda escreve cartas com frequência. Nas cartas, fala de diferentes assuntos, mas, não raro, aborda temas de Caicó e Região. É uma de suas formas de atuação. Assim, já escreveu para autoridades tratando da seca; solidarizou-se com povos e famílias diante de catástrofes e sinistros; travou debates teológicos de profundidade ou, simplesmente, espalhou notícias de Caicó em diferentes partes do mundo. No acervo de destinatários constam desde líderes e pensadores religiosos como Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Eugênio de Araújo Sales, Leonardo Boff, autoridades como o ex-Ministro da Fazenda, Ciro Gomes, até personalidades internacionais como Golda Meir, Aristóteles Onassis e o Patriarca Atenágoras, de Constantinopla.

Mesmo agora, na maturidade dos anos, ainda estuda história e teologia em suas tardes na Vila Branca do Penedo – aliás, já doada por ele a Paróquia de Santana – é o mesmo homem bem-humorado que, com regularidade, senta-se nos alpendres de sítios e fazendas do Seridó; assiste espiritualmente a Casa da Caridade; atende confissões com disponibilidade; pratica caridade – sem fazer alarde – distribuindo gêneros alimentícios e redes de dormir para os mais pobres; aconselha famílias e atua na pacificação de conflitos; cumpre todos os seus compromissos de Emérito e ainda encontra tempo para gestos simples, mas simbólicos como, por exemplo, levar semanalmente um bolo para o lanche da Polícia Ambiental na Ilha de Sant’Ana.

Monsenhor Antenor já viu de tudo um pouco na vida caicoense e nela sempre teve honrada presença. São muitos fatos a relembrar; inúmeros gestos de solidariedade patrocinados; tantos rumos nascidos ou reposicionados por sua intervenção! Muito a agradecer a quem, com a capacidade que tem, poderia ter tido sucesso em qualquer profissão, mas, deixando de lado qualquer pretensão pessoal, escolheu livremente ser Padre para servir a Igreja e fazer o bem na terra em que Sant’Ana fez morada.

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