Zambelli nega à PF que tenha pagado hacker para invadir CNJ

A deputado federal Carla Zambelli (PL-SP) prestou depoimento à PF (Policia Federal) nesta 3ª feira (data) sobre seu envolvimento com a invasão do sistema Judiciário realizada no ano passado. Negou que tenha pagado ao hacker Walter Delgatti Neto para inserir informações falsas no site do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
O valor depositado a Delgatti, em novembro do ano passado, seria referente ao trabalho que ele teria prestado para a área de mídia do site de Zambelli. A transação não teria sido feita diretamente por ela.
“Foi esclarecido que houve um pagamento de R$ 3.000 por meio da empresa que contratei, e o Walter foi subcontratado, para poder mexer no meu site. Esse valor não saiu de mim”, afirmou a deputada.
Zambelli ainda comentou sobre uma transação de R$ 10.000 entre Delgatti Neto e Renan Goulart, seu ex-assessor. A quantia estaria relacionada a uma negociação de uísque entre os 2.
A deputada disse que não conhecia previamente o hacker e que o contratou porque “confia nas pessoas”. Ela declarou não se lembrar de quando soube que Delgatti Neto era o responsável pela invasão de celulares de integrantes da Operação Lava Jato, mas que imagina que tenha sido no final do ano passado.
Zambelli também confirmou que o hacker e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estiveram juntos no ano passado. “Nesse encontro, o presidente perguntou se as urnas eram confiáveis e ele disse que não”, afirmou.
O advogado de Zambelli, Daniel Bialski, disse que abrirá uma nova investigação contra Delgatti Neto por denunciação caluniosa, quando se atribui falsamente a alguém a prática de um crime.
“Ele inventa muitas coisas. É indigno de credibilidade, alguém que mente de forma contumaz. Um mitômano”, disse Biasli. A defesa da deputada espera que a investigação seja arquivada.
Em petição enviado à PF na 2ª feira (13.nov.2013), a defesa de Zambelli reforça a acusação de mitomania de Walter Delgatti Neto. Eis a íntegra (PDF – 1 MB).
Segundo o documento, o hacker já teria sido classificado como “mitômano” por autoridades policiais. O texto se ampara em reportagem da revista VEJA, de fevereiro deste ano, que diz que Delgatti é descrito como um mitômano por investigadores. “Exagerando muitas vezes nas histórias e nas suas relações com os poderosos”, diz trecho.
O documento trata as inconsistências do depoimento do hacker em algumas situações como um exemplo do argumento. Um dos casos é a sua declaração sobre os valores que teria recebido. No seu 1º depoimento, disse que teria recebido uma transferência de R$ 3.000, além de PIX e dinheiro em espécie.
Já segundo o 3º documento, a ele teriam sido enviadas, por intermédio de Renan Goulart, transferências nos valores de R$ 2.700; R$ 2.800 e R$ 5.000. Já na CPMI do 8 de janeiro, sua versão de que recebeu R$ 40.000.
Ao Poder360, a defesa de Delgatti Neto afirmou que “faltam argumentos a deputada”.
“Ela tenta a qualquer custo desqualificar a pessoa que ela contratou. O inquérito irá comprovar que Walter foi contratado pela deputada com objetivos sórdidos”, disse em mensagem.
Em agosto de 2022, Walter Delagatti Neto foi preso em São Paulo em operação da PF sobre a invasão aos sistemas do CNJ para inserção de alvarás de soltura e documentos falsos contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Carla Zambelli também foi alvo da ação.
Em depoimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, em agosto deste ano, o hacker afirmou que o pedido de ataque ao site havia sido feito pela deputada.
O depoimento de Zambelli sobre o caso à PF aconteceria em setembro, mas foi adiado para esta 3ª feira.
Fonte: Poder360