Vulcões foram ‘fonte oculta’ que ‘enlouqueceu’ termostato natural em mudanças climáticas passadas, revela estudo

Erupção de novo vulcão na Islândia é a sexta desde dezembro
Erupção de novo vulcão na Islândia é a sexta desde dezembro — Foto: AFP

Grandes campos de magma sob vulcões antigos expeliram dióxido de carbono muito depois que as erupções na superfície terminaram, revelou um novo estudo. O fenômeno potencialmente explica por que episódios passados ​​de aquecimento global duraram mais do que o esperado.

O estudo foi publicado no periódico Nature Geoscience. Os humanos estão emitindo muito mais dióxido de carbono (CO²), que aquece o planeta, do que todos os vulcões do mundo juntos. Mas os cientistas esperam que, ao estudar as mudanças climáticas no passado distante da Terra, possam entender como o mundo esquenta — e como ele poderia esfriar novamente.

Os cientistas há muito tempo ficam intrigados com o tempo que a atmosfera da Terra levou para se recuperar de um evento de extinção em massa, há 252 milhões de anos, que encerrou o período Permiano.

Foi o evento de extinção mais severo na História do planeta, eliminando cerca de 90% das espécies marinhas e 70% das terrestres.

Os cientistas acreditam que a convulsão foi causada por grandes erupções vulcânicas na Sibéria. As erupções criaram “grandes províncias ígneas”, enormes regiões subterrâneas de magma e rocha que foram associadas a quatro das cinco grandes extinções em massa desde que a vida complexa surgiu na Terra.

O clima da Terra levou quase cinco milhões de anos para se recuperar. Mas, de acordo com modelos científicos, o mundo deveria ter reagido muito mais rapidamente.

— O termostato natural da Terra parece ter enlouquecido durante e após esse evento — disse Benjamin Black, pesquisador da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, e autor principal do novo estudo.

Para descobrir mais detalhes, a equipe liderada pelos Estados Unidos realizou análises químicas de lava, usou modelos de computador para simular processos internos da Terra e comparou registros climáticos preservados em rochas.

Seus resultados sugeriram que, mesmo depois que a atividade vulcânica terminou durante episódios anteriores, o magma continuou liberando dióxido de carbono nas profundezas da crosta e do manto da Terra, o que continuou aquecendo o globo.

“Nossas descobertas são importantes porque identificam uma fonte oculta de CO² na atmosfera durante momentos no passado da Terra quando o clima aqueceu abruptamente e permaneceu quente por muito mais tempo do que esperávamos”, disse Black, em um comunicado. “Achamos que descobrimos uma peça importante do quebra-cabeça de como o clima da Terra foi interrompido e, talvez tão importante quanto, como ele se recuperou”.

Black disse à AFP que o processo descrito no estudo “definitivamente não pode explicar as mudanças climáticas atuais”. Todos os vulcões do mundo atualmente “liberam menos de um por cento do carbono para a atmosfera do que as atividades humanas”, explicou ele.

O tipo de vulcanismo que a equipe investigou foi visto pela última vez na Terra há 16 milhões de anos, disse Black, e era tão enorme que poderia “cobrir os Estados Unidos continentais ou a Europa com meio quilômetro de profundidade em lava”.

Mas, se as descobertas forem confirmadas, isso pode mostrar que o termostato da Terra está funcionando melhor do que os cientistas pensavam.

“Isso me dá esperança de que os processos geológicos serão capazes de gradualmente retirar o CO² antropogênico da atmosfera”, disse Black. “Mas ainda levará centenas de milhares a milhões de anos, o que obviamente é muito tempo para os seres humanos”.

Fonte: O Globo

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