O ministro das Comunicações, Fábio Faria, tomou posse com um belo e apropriado discurso de conciliação. No cargo, no entanto, o deputado federal do PSD potiguar terá de aliar sua capacidade de articulação política, que o aproximou dos governos Lula, Dilma e Temer, à habilidade de descascar abacaxis. Um deles atende pelo nome de Empresa Brasil de Comunicação, conglomerado de comunicação pública que reúne sete rádios, agências de notícias e uma emissora de TV que vive às voltas com o traço na audiência. Em maio, nenhum dos cinco programas mais vistos no Rio e em São Paulo conseguiu romper a barreira de 1 ponto na medição do Kantar Ibope Media. A revista Vejatraz reportagem nesta semana.
É muito pouco, pouquíssimo, para uma estatal que já consumiu mais de 5 bilhões de reais desde que foi criada, no final de 2007, no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a fusão da Radiobrás e da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto. A ideia era fazer a “BBC brasileira”, tendo como modelo a estatal britânica, conhecida pela qualidade de sua programação e independência editorial. O negócio jamais chegou perto disso. Nos anos petistas, jornalistas simpáticos à causa ganhavam por lá programas e salários exorbitantes. Em campanha, Jair Bolsonaro falava em fechar a emissora. “A ‘TV Traço’ não serve para nada”, disse ele, em certa ocasião. Não cumpriu a promessa e, segundo informou a coluna Radar, de VEJA, confiou a Fábio Faria a duríssima missão de aumentar o ibope da EBC, algo difícil de atingir mesmo se o ministro conseguisse levar para lá o seu sogro, Silvio Santos (Faria é casado com Patricia Abravanel, uma das seis filhas do dono e apresentador do SBT).