Vaticano ordena que cardeal demitido por Francisco seja julgado por fraude

O Vaticano anunciou neste sábado (3) a convocação de seu tribunal criminal de dez pessoas, incluindo um influente cardeal, envolvidas no caso de financiamento fraudulento, via empresários italianos, de um edifício de luxo em Londres.

O cardeal Angelo Becciu, 73, que foi um dos cardeais mais influentes do Vaticano e assessor próximo do papa, comparecerá ao tribunal da Santa Sé a partir de 27 de julho, de acordo com um comunicado do Vaticano.

Ele está sendo processado por peculato, abuso de poder e suborno de uma testemunha neste caso, cujos primeiros elementos começaram a aparecer na imprensa italiana em setembro de 2019, quando o Papa Francisco pediu a demissão de Becciu.

Angelo Becciu era o número 2 na Secretaria de Estado do Vaticano, a administração central da Santa Sé, quando o processo de compra do edifício de Londres começou, em 2014.

Entre os outros réus, consta o suíço René Brüllhart, ex-presidente da Autoridade de Informação Financeira (AIF), o fiscal financeiro da Santa Sé, deve responder por abuso de poder.

Dom Enrico Crasso, ex-administrador dos bens particulares do Secretário de Estado, também será julgado por extorsão e abuso de poder, num suborno de várias centenas de milhões de euros em grande parte do “Obolus de São Pedro”, ou seja , as doações de pessoas físicas ao Vaticano.

Os outros réus são Tommaso Di Ruzza, ex-diretor da AIF; Cecilia Marogna, uma jovem consultora italiana a quem o ex-Secretário de Estado do Vaticano confiou meio milhão de euros em uma conta na Eslovênia; Raffaele Mincione, que supostamente enviou parte dos fundos fraudulentos; o advogado Nicola Squillace; Fabrizio Tirabassi, um ex-funcionário laico sênior do Vaticano, e Gianluigi Torzi, um empresário que supostamente atuou como um intermediário, todos eles presos em maio passado em Londres.

O investimento no centro do escândalo é um edifício no bairro chique de Chelsea, em Londres, com 17 mil m2 transformados em cerca de 50 apartamentos de luxo. A operação pode custar € 200 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhões), segundo um jornal italiano. Ao adicionar outros investimentos suspeitos, o dano ao Vaticano pode ser muito maior.

Do G1

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