Tempestades no Sul: mais de 800 cidades do RS, PR e SC estão sob alerta de perigo; veja no mapa quais

Casas foram danificadas pelas chuvas no Paraná

Tempestades severas de vento e granizo atingiram o Sul do Brasil na noite de quarta-feira (15) e a previsão é de que as chuvas intensas continuem até a próxima sexta-feira (17). De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), 808 cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estão com alerta de perigo, devido aos fortes ventos e temporais que podem causar corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e alagamentos. (Veja mapa abaixo)

Meteorologistas explicam que, nos próximos dias, o ar quente, úmido e bastante instável segue predominando na região Sul do país. Entre quinta e sexta-feira, os maiores acumulados de chuva devem ocorrer entre o norte do Rio Grande do Sul e o sul do Paraná, com mais de 100 mm de acúmulos diários em algumas localidades.

Os acumulados muito altos de chuva devem levar a inundações, cheias de rios e enchentes. O quadro pode ser considerado de altíssimo risco e perigoso, considerando os volumes extremos e as localidades, que estão próximas a algumas das principais bacias hidrológicas. Na cidade gaúcha de Giruá, uma jovem morreu na noite de quarta-feira vítima das chuvas. Isabeli Soardi, de 26 anos, estava em um ginásio esportivo quando o vendaval arrancou o telhado e deixou o local parcialmente destruído. Ela acabou atingida por uma estrutura de alvenaria. Outras 57 pessoas ficaram feridas.

De acordo com o Inmet, 741 cidades estão classificadas com risco de “perigo” devido aos temporais. O grau de severidade apontado pelo Instituto refere-se à incidência de chuva entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos (60-100 km/h), e queda de granizo. Também há risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e de alagamentos.

Outras 67 cidades, todas localizadas no Rio Grande do Sul, estão classificadas como “perigo potencial”, e sentirão menos os efeitos da chuva. Nesses municípios, são esperados chuva entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, ventos intensos (40-60 km/h), e queda de granizo. O risco de falta de luz e inundações é baixo. (Veja todas as cidades que devem ser afetadas no mapa abaixo)

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De acordo com informações da MetSul, o extremo de chuvas que atinge o Sul do país é causado pelo Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM), um grande aglomerado circular e de longa duração de nuvens muito carregadas, de grande desenvolvimento vertical, que podem atingir de dez a vinte quilômetros de altura.

O nome complexo decorre do fato de serem muitas áreas de tempestade reunidas em um mesmo sistema e que podem provocar chuva volumosa e tempestades fortes a severas de vento e granizo, não raro com fenômenos mais extremos como tornados e microexplosões atmosféricas.

Estes sistemas ocorrem em vários continentes, como na América do Norte, Ásia, Europa e África. Na América do Sul, de acordo com a MetSul, ocorrem alguns dos Complexos Convectivo de Mesoescala mais intensos do mundo, e tendem a se formar entre o Norte e o Nordeste da Argentina, o Paraguai e o Sul do Brasil. O Paraguai, em especial, costuma registrar uma frequência altíssima deste tipo de fenômeno.

Estes complexos convectivos ocorrem sob uma atmosfera quente e úmida, por isso é um fenômeno comum em meses da primavera e do verão enquanto no outono e no inverno são muito menos frequentes. Normalmente, ocorrem em dias muito quentes e com fortes abafamento.

Normalmente, estes sistemas enormes de tempestade se formam no período noturno, especialmente a partir do fim da tarde e o começo da noite, e enfraquecem ou se dissipam no dia seguinte. Estudos mostram que o ciclo de vida de um CCM tem seu horário de máxima extensão durante a madrugada na grande maioria dos casos observados.

Fonte: O Globo