Taipei 101: entenda como arranha-céu de 508 metros de altura resistiu ao terremoto em Taiwan com sistema antissísmico

Taipei 101 tem mais de cem andares e 508 metros de altura
Taipei 101 tem mais de cem andares e 508 metros de altura — Foto: Divulgação/Taipei 101

Taiwan foi atingida por um forte terremoto com magnitude superior a 7 graus na madrugada desta quarta-feira, e as imagens de edifícios envergados e gravemente abalados pelos tremores assustaram internautas. Muitos se perguntaram como um dos prédios mais icônicos do país, o Taipei 101, arranha-céu de 508 metros de altura e 101 andares, seguiu de pé: foi tudo graças a um engenhoso sistema de amortecimento.

O país está localizado em uma zona sísmica, e grandes terremotos são cíclicos. Levando isso em conta, o prédio foi projetado com uma estrutura robusta e amortecedor de massa capaz de resistir a terremotos de até magnitude 7 na escala Richter, assim como tufões, que também são comuns na região.

Suspenso do 92º ao 87º andar está o amortecedor de aço, que pesa 660 toneladas e tem um diâmetro de 5,4 metros no centro do prédio. Cabos mantêm a esfera de aço suspensa, enquanto barras de barras de tensão com bombas hidráulicas garantem que o pêndulo fique preso à base da edificação.

Em situações de emergência como a desta quarta-feira, o balanço do amortecedor contrário ao movimento provocado pelo terremoto neutraliza balanços extremos que poderiam prejudicar a estrutura do arranha-céu. Ou seja, se o prédio mover em uma direção, o amortecedor faz o mesmo na direção oposta para estabilizar e eliminar qualquer vibração.

Além do amortecedor, a C.Y. Lee & Partners, empresa de arquitetura local, desenhou o prédio com um sistema de sistema de núcleo e contraventamento — uma estrutura auxiliar, onde barras são colocadas para impedir a movimentação e deslocamento horizontal e vertical — com 16 colunas de aço e 8 super colunas preenchidas com concreto no perímetro do edifício. Todas as colunas são preenchidas com concreto armado até o andar 62. A cada oito andares, enormes treliças de contraventamento de aço conectam as colunas no núcleo às super colunas no perímetro.

Durante a construção da torre de escritórios, em maio de 2002, um terremoto de magnitude 6,8 abalou Taipei, derrubando duas gruas de construção e matando cinco pessoas. Apesar do acidente, o prédio não foi danificado e a obra foi finalizada. Já em 2004, 2019 e 2022 — anos em que Taiwan foi atingida por tremores —, o prédio foi posto à prova e passou no teste, como nesta semana.

O prédio, concluído em 2003, ganhou notoriedade no país e no mundo com seu formato que lembra um caule de bambu. O prédio chegou a ser considerado o mais alto do planeta, até ser destronado pelo Burj Khalifa, em Dubai, com 828 metros, em 2010. A torre também é equipada com os elevadores mais rápidos do mundo, atingindo uma velocidade de 1.010 metros por minuto. As portas dos elevadores possuem até um mecanismo de vedação de maneira semelhante aos usados em aviões para garantir o máximo conforto do usuário.

As autoridades taiwanesas afirmaram que o terremoto e os tremores secundários foram os mais intensos na ilha em 25 anos. Também alertaram que outros sismos podem acontecer nos próximos dias.

Sete mortes aconteceram no condado de Hualien, o ponto mais próximo ao epicentro do terremoto. Na manhã desta quarta-feira, as autoridades confirmaram outras duas mortes, segundo a BBC. O Corpo de Bombeiros informou que mais de 800 pessoas ficaram feridas, sem especificar a gravidade.

A Agência Meteorológica Japonesa calculou a magnitude do terremoto em 7,5, embora o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) tenha afirmado que foi de 7,4. Segundo o USGS, o terremoto teve epicentro 18 km ao sul de Hualien.

Houve relatos de desabamentos de terra, e o sistema de trens de alta velocidade foi suspenso em toda a ilha por tempo indeterminado. Escolas foram fechadas, e abrigos foram disponibilizados para a população — as autoridades temem que as estruturas urbanas, embora projetadas para suportar os abalos, possam ceder com tantos tremores secundários, alguns deles com magnitude 5.

Cerca de 87 mil pessoas ficaram sem energia na ilha, e houve quedas no sinal de internet. As empresas responsáveis pelos serviços afirmaram que os reparos já estão em curso. Um correspondente do New York Times em Taipei disse que os estragos na cidade de 2,5 milhões de pessoas foram pontuais, mas que os prédios chacoalharam. O metrô também foi temporariamente suspenso em toda a região metropolitana.

Fonte: O Globo

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