Sinos de Notre Dame tocam em Paris pela primeira vez desde incêndio em 2019

Sinos de Notre Dame tocam em Paris pela primeira vez desde incêndio em 2019
Sinos de Notre Dame tocam em Paris pela primeira vez desde incêndio em 2019 — Foto: Thomas Samson/AFP

Os oito sinos da torre norte da Catedral de Notre Dame, em Paris, que se prepara para reabrir em 7 de dezembro, tocaram novamente na manhã desta sexta-feira, mais de cinco anos depois do incêndio que devastou o edifício.

“É um palco bonito, importante e simbólico”, disse à AFP Philippe Jost, chefe do órgão público encarregado da restauração da catedral, uma joia da arte gótica.

Quando as chamas devoraram, no dia 15 de abril de 2019, uma das maiores catedrais do Ocidente, tombada como patrimônio mundial da UNESCO, o sentimento de pesar foi global. Notre Dame tem quase 1.000 anos: a construção da catedral, com suas impressionantes gárgulas, começou por volta de 1163 e durou dois séculos, até 1345.

A catedral renasceu das cinzas graças a cinco anos de um trabalho intenso, do qual participaram 250 empresas e centenas de artesãos, com um custo de quase 700 milhões de euros financiados por 846 milhões de euros em donativos de 150 países.

Símbolo da renovação da catedral, o pináculo, uma torre alta e pontiaguda que desabou diante dos olhos atônitos dos parisienses e de milhões de telespectadores de todo o mundo, ergue-se novamente em direção ao céu, idêntico àquele projetado pelo arquiteto Eugène Viollet-le-Duc, no século XIX.

Embora ainda existam guindastes e andaimes em alguns lugares, o trabalho está chegando ao fim, confirmou à AFP o órgão público que o supervisiona.

Na esplanada junto ao rio Sena, os turistas, ainda distantes atrás de cercas encimadas por arame farpado em alguns pontos, aglomeram-se diariamente para tentar ver as últimas obras exteriores, incluindo a colocação de um novo pavimento em lajes de calcário em frente à grande portão principal.

Notre Dame recebeu 12 milhões de visitantes em 2017. A diocese e o órgão público esperam receber “entre 14 e 15 milhões” após a reabertura, que incluirá nova sinalização, um plano de circulação redesenhado e um sistema de reservas online. A ideia de cobrar a entrada dos turistas foi lançada em outubro pelo governo francês, reacendendo o debate sobre o financiamento do património religioso.

Ao entrarem na catedral, fiéis e visitantes descobrirão um claro eixo central, móveis litúrgicos completamente novos e minimalistas em bronze escuro, uma parede relicária contemporânea de madeira de cedro e vidro formando um halo que abriga a coroa de espinhos de Cristo e uma catedral luminosa como nunca antes. As paredes, enegrecidas pelo fogo e pelo tempo, recuperaram a clareza.

Os vitrais, que não chegaram a ser danificados pelo incêndio, foram limpos e restaurados e agora revelam as suas cores brilhantes, assim como as decorações pintadas das capelas de Viollet-le-Duc, que contrastam com o chão xadrez preto e branco.

O público também redescobrirá os “mays” restaurados, grandes pinturas destinadas ao altar e que eram encomendadas todos os anos no mês de maio a artistas, entre 1630 e 1707, pela corporação de ourives que as doou à catedral. O templo recuperou seus oito sinos e receberá nesta quinta-feira aquele que esteve no Stade de France durante os Jogos Olímpicos.

Há poucos detalhes conhecidos em relação à cerimónia de reabertura, à qual o Papa Francisco, inicialmente esperado, acabará por não comparecer. O arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, anunciou que o presidente Emmanuel Macron falará na catedral no dia 7 de dezembro e que o órgão, que foi “completamente desmontado, limpo e restaurado”, poderá ser ouvido.

Haverá uma missa no dia 8 de dezembro para consagrar o novo altar. Após esta cerimónia haverá outros eventos de agradecimento a todos os que contribuíram para a restauração da catedral.

Fonte: O Globo

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