Depois de desembarcar no Brasil na 2ª feira (13.nov.2023), o palestino com cidadania brasileira Hasan Rabee e a família passaram a receber ameaças pelas redes sociais. De acordo com a advogada Talitha Camargo da Fonseca, que representa o repatriado, o número de ameaças já passa de 200.
“Essas mensagens têm enquadramento criminal e injúria racial, xenofobia, ameaça de execução, calúnia, difamação e perseguição, porque algumas mensagens vieram mais de uma em sequência, em dias seguidos”, disse a advogada, especializada em direito internacional e direitos humanos, à Agência Brasil.
Segundo a Talitha da Fonseca, circulam na internet vídeos com recortes do momento em que Hasan Rabee desembarcou na Base Aérea de Brasília junto a outros repatriados de Gaza, quando foram recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros.
“Há vídeos perigosos porque eles trazem, para além da figura do Hasan, recortes e montagens do Hasan em momentos em que ele chega em solo nacional. São fotos dele com o presidente Lula, fotos dele com os ministros. Isso é de uma gravidade gigantesca, porque só prova a polarização desse país, e só prova o quanto a nossa sociedade está doente”, afirmou.
Hasan Rabee, 30 anos, ficou conhecido por divulgar vídeos e mensagens mostrando os bombardeios na Faixa de Gaza e as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros para conseguir água, comida e sair da região do conflito entre Israel e Hamas.
Para a advogada, é uma situação absurda que Hasan e a família sejam expostos a outros tipos de violência no Brasil.
“É inadmissível imaginar que vítimas de guerra chegando ao país têm que enfrentar uma nova guerra contra o discurso de ódio”, disse.
Talitha da Fonseca apresentou um pedido para que Hasan seja incluído no Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos, coordenado pelo MDHC (Ministério dos Direitos Humanos). A advogada informou ter recebido informação de que o caso de Hasan já está em análise.
O ministério divulgou na tarde de 5ª feira (16.nov) uma nota explicando como funciona o acesso aos programas de proteção de cidadãos e as etapas para a inclusão. Os nomes dos protegidos não são revelados.
“O MDHC reforça a posição de que são condenáveis todas as manifestações de ódio ou ameaça, sejam elas contra quem for. Não há lugar para o antissemitismo, islamofobia ou qualquer tipo de preconceito ou discriminação”, diz em nota.
Hasan e a família receberão apoio psicológico pelo Instituto Pró-Vítima, em São Paulo, onde vive.
Naturalizado brasileiro, Hasan Rabee trabalha como vendedor na cidade de São Paulo (SP) há 10 anos, desde que resolveu deixar a Palestina por conta dos conflitos com Israel. Ele foi a Gaza para visitar a família com as filhas e a esposa brasileiras, quando o novo conflito começou.
Com informações da Agência Brasil
Fonte: Poder360