Projeto forma e levanta o moral das imigrantes

As haitianas Manise e Nadia -  (crédito: Mayara Souto/CB/D.A Press)

O projeto Empoderando Refugiadas já auxiliou mais de 400 mulheres imigrantes e refugiadas a conseguirem emprego no Brasil. Realizado pela Agência para Refugiados da ONU, a ONU Mulheres, o Pacto Global da ONU no Brasil e implementado pelo Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR), o programa oferece cursos profissionalizantes em cinco capitais. Em Brasília, o Correio acompanhou o início das aulas de Técnicas de Venda com 32 imigrantes e refugiadas de Cuba, Costa do Marfim, Haiti, Paquistão e Venezuela.

A haitiana Nadia Duvert, 43 anos, pedagoga, vende roupas e calçados na rodoviária do Plano Piloto, e está há 10 anos no Brasil. “Preciso ter mais conhecimento para trabalhar melhor. Quero continuar com vendas, gosto muito”, comenta. Já Manise Savah, 45, também haitiana, sente falta de atuar na enfermagem — na qual é formada. Atualmente, ela estuda Técnicas em Enfermagem, para poder voltar à área da saúde. Também sonha em abrir um salão de beleza para pessoas negras e quer aprender nas aulas “como atender os clientes”.

A venezuelana Hilda Rosa Guzmán, 67, é cabeleireira e tinha um salão em seu país. Com os três filhos e os netos, vive há cinco anos aqui e sonha em ter um SPA de beleza. “Fiz vários cursos, de cabeleireira, sobrancelhas, maquiagem profissional, sistema de informática. Agora, este (Técnica de Vendas) e me falta o de unhas”, explicou. Emocionada, conta que deixou a Venezuela, em 2018, pela dificuldade de ter o que comer.

Para Thalita Machado, professora do curso desenvolvido pelo Senac, além da parte profissionalizante, há a preocupação em recuperar a autoestima dessas mulheres. “A gente tenta destacar essa resiliência, essa esperança que eles têm”, observa. Serão 20 dias de aulas com emissão de certificado.

Yôkissya Coelho, coordenadora do projeto em Brasília, está envolvida no Empoderando Refugiadas desde que as turmas foram abertas em Boa Vista, sua cidade natal, em 2019. “Queremos que elas sejam reconhecidas nacionalmente. Além de mostrar as capacidades dessas mulheres por meio da construção de um currículo, queremos conectá-las às vagas de emprego”, afirmou.

 

Fonte: Correio Braziliense