Privatizado, Vale do Anhangabaú tem só quatro câmeras de vigilância em operação, segundo relatório

Câmera de vigilância no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. De 25 aparelhos exigidos, só quatro estão operando
Câmera de vigilância no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. De 25 aparelhos exigidos, só quatro estão operando — Foto: Edilson Dantas

Situado no coração de São Paulo, aos pés da sede da prefeitura, o Vale do Anhangabaú tem hoje quatro câmeras de monitoramento funcionando, o equivalente a 16% do número mínimo de equipamentos (25) previsto no contrato de privatização, assinado em 2021 pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A informação consta de relatório elaborado pela empresa pública SP Parcerias a partir de vistorias feitas nos dias 1°, 5, 8 e 12 de março. O documento mostra fotos dos monitores de vigilância exibindo mensagens de erro, indicando não haver conexão com as câmeras. Em nota ao GLOBO (leia mais abaixo), o consórcio Vale do Anhangabaú, responsável pela administração do local, diz que todos os aparelhos estão em funcionamento.

O relatório indica que em duas das quatro áreas em que se divide o Vale do Anhangabaú há apenas uma câmera operando: na região mais próxima ao Viaduto do Chá e nas proximidades da Avenida São João. O contrato assinado com a concessionária Viva o Vale previa ao menos oito câmeras em operação 24 horas por dia na primeira região, e quatro equipamentos na segunda.

Além das câmeras que não funcionam, o relatório também identificou pontos cegos no monitoramento em áreas próximas à Rua São Bento, à Rua Conselheiro Crispiniano, à Praça Pedro Lessa e ao Viaduto Santa Ifigênia. “O circuito fechado de televisão apresentou uma proporção de câmeras em funcionamento muito abaixo do critério mínimo pré-estipulado em todas as zonas”, lê-se no documento.

A partir da vistoria no local e de entrevistas com frequentadores do Vale do Anhangabaú, os autores do relatório constataram que houve melhora neste começo de ano em relação à zeladoria do espaço e à oferta de atividades de interesse coletivo, mas que a segurança e a acessibilidade são “pontos de atenção”.

Os usuários entrevistados na pesquisa atribuíram nota média de 2,61 à sensação de segurança no espaço, em uma escala de 1 a 5. Em janeiro, a nota média havia sido mais alta, de 2,79. As avaliações das mulheres foram mais negativas que as dos homens.

“A sensação de segurança na área da concessão pode ser aprimorada, com pontos de melhoria em estratégias de segurança específicas às demandas do Vale, com possível foco em usuários que têm o principal uso o trabalho ou passagem e as mulheres, pois foram os grupos mais críticos ao índice de segurança”, recomendou a SP Parcerias.

O contrato de concessão, válido por dez anos, prevê a existência de três postos de segurança no Vale, mas só há dois instalados até o momento.

A vistoria também identificou falta de lixeiras em alguns espaços; ausência de corrimões em escadas; falta de papel toalha, papel higiênico e sabonete nos sanitários; baixa oferta de bebedouros; e marcas de depredação ou vandalismo em estátuas, muros e corrimões.

No ano passado, o consórcio Viva o Vale foi multado em R$ 133 mil por ter descumprido o prazo para instalação do sistema de monitoramento eletrônico no Anhangabaú. A defesa da empresa negou irregularidades na instalação de câmeras e recorreu contra a decisão, considerada “sem nenhum fundamento”. Em parecer publicado nesta segunda-feira, a assessoria jurídica da Secretaria das Subprefeituras manifestou-se pela manutenção da punição.

O consórcio Viva o Vale afirmou ao GLOBO, por meio de nota, que há “33 câmeras instaladas em toda a extensão da área de concessão, todas em funcionamento”. Segundo a concessionária, dois pontos cegos identificados “já começaram a ser resolvidos” e um terceiro não faz parte da planta original da concessão, embora a administradora do espaço afirme que está em negociações com a prefeitura para que essa área seja abrangida nas ações de monitoramento.

Sobre a conservação dos banheiros e bebedouros, a Viva o Vale reclamou de ações de vandalismo e informou que está substituindo equipamentos para minimizar o impacto da depredação. “A concessionária cumpre todas as suas obrigações no Vale do Anhangabaú, com serviços diários de zeladoria, manutenção e segurança patrimonial do espaço durante todos os dias da semana”, acrescentou o consórcio.

Fonte: O Globo

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