‘Primaverão’ e ondas de calor: até quando vão as altas temperaturas no país?

Desde o dia 8 de novembro, o Brasil vivencia sua a oitava onda de calor de 2023. Outras ocorrerem em janeiro, março, agosto, setembro e outubro. Desta vez, o fenômeno promete ser um dos mais intensos registrados, já tendo provocado sensação térmica de mais de 50°C no Rio de Janeiro. A onda de calor estava prevista inicialmente para acabar nessa quarta-feira, mas o Instituto Nacional de Meteorologia estendeu o seu alerta até a sexta-feira. No entanto, o calorão ainda deve voltar a dar as caras até o final do ano.
A previsão climática — que é um consenso entre o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cpetec), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) — já identifica que as temperaturas máximas e mínimas vão ficar acima da média em boa parte do país, até o início do próximo ano.
— O verão começa no dia 22 de dezembro e, como é a estação mais quente, a tendência é do calor persistir até, no mínimo, janeiro de 2024. É claro que terão chuvas e, quando elas ocorrerem, há uma reduzida no abafamento — explica a meteorologista do Inmet Andrea Ramos.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as primeiras ondas de calor foram entre janeiro e março, com temperaturas em torno de 40,7 °C. Em agosto, foram emitidos alertas de “Grande Perigo” e “Perigo” para o Centro-Oeste e o Nordeste do país, entre os dias 22 e 28. Em setembro, uma onda de calor intensa começou no dia 18 no Centro-Oeste e se deslocou o Nordeste no dia 24, que gerou temperaturas acima de 40 °C nas regiões. No mês passado, duas ondas de calor assolaram os brasileiros, com temperatura máxima de 44,3 °C em Cuiabá (MT).
Segundo Andrea Ramos, o que vai reduzir a sensação térmica de calor extremo são as incursões dos sistemas frontais, que proporcionam chuva. Porém, há a possibilidade das temperaturas altas persistirem até o próximo outono.
O fenômeno climático é geralmente associado ao aumento das temperaturas globais e a intensificação dos eventos climáticos. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) coloca que o El Niño tem 62% de chances de persistir até junho de 2024, o que engloba o verão e o outono brasileiros.
— O El Niño vai provocar um calor que persiste na parte central do país, com irregularidades fortes de chuvas na região Sul e tempo seco e quente no Norte — detalha Andrea Ramos.
A meteorologista do Inmet explica que o El Niño entrou no seu pico no em outubro, o que deve persistir até fevereiro. O fenômeno só começa a perder força a partir de abril, com uma redução gradual da sua influência.
— Entre abril, maio e junho, há uma influência da La Niña, que contrapõe o El Niño. Ela o ameniza e as temperaturas tendem a não serem tão altas. Por exemplo, no ano passado, estávamos sob a sua atuação e tivemos até recorde de frio em Brasília, com 1,4°C. Temos que ficar atentos a todas as transformações, mas a maior possibilidade de neutralidade de temperaturas é para meados de junho — conclui.
Fonte: O Globo