População de Natal sofre sem atendimento médico; greve já dura seis dias

“Acordei sentindo muita dor na garganta, na cabeça e febre. Fui na UPA do Pajuçara, na zona Norte, (mas) os médicos não estão atendendo. Também fui ao Posto de Saúde do Santarém para tentar fazer o teste de covid-19, mas lá eles não estão fazendo teste. Agora, estamos tentando ir no bairro Gramoré e ver se conseguimos fazer o teste”, declarou a estudante universitária, Jerusa Vieira, ao relatar sua “saga” em busca de atendimento médico nas unidades de saúde de Natal.

Ela está com sintomas de covid-19 e precisou fazer o teste na manhã desta terça-feira (29), no entanto, apesar de ter procurado duas UBSs, por causa da greve dos médicos, não foi atendida. O aumento dos casos da doença no Estado, a procura pelo atendimento médico se tornou urgente.

Já a técnica de enfermagem Ana Talita, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, nesta terça-feira (29), explicou que o seu pai está com sintomas gripais há três dias e testou positivo para a covid-19. Por questões de saúde e buscando um atestado médico para o seu pai, ela foi ao posto de Gramoré e na UPA Pajuçara, ambos na zona Norte de Natal, mas não conseguiu com que ele fosse atendido.

“Eu fui no posto de Gramoré, que não tem médico, e vim na UPA. No posto, o pessoal de lá só faz o teste covid, mas o atendimento médico não tem”.

E continuou: “Assim, o pessoal que trabalha fica obrigado a trabalhar com covid e aí infectar outras pessoas, porque não tem médico para atender”, lamentou Ana.

Os profissionais da Cooperativa Médica do Rio Grande do Norte (Coopmed-RN) seguem de braços cruzados em Natal. Os médicos cooperados que prestam serviços ao município denunciam atraso de mais de três meses no pagamento de valor fixado em contrato e cobram o dinheiro. A paralisação acontece desde a última quinta-feira (24), o que tem provocado redução de atendimentos médicos na capital potiguar. Enquanto isso, natalenses têm sofrido com a baixa nos serviços de saúde.

 

Por causa da paralisação, a Coopmed informou que os serviços prestados de Alta/Média Complexidade seguem funcionando somente para pacientes internados e cirurgias de urgência. Ambulatórios não têm atendimentos, já UPAs e portas de urgências funcionam com 30% de sua capacidade. Maternidades e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) mantêm o pleno funcionamento.

A cooperativa afirmou que tem tentado estabelecer contato com o poder público municipal, mas não obtém respostas desde o início da paralisação. A Coopmed diz que prefeitura foi notificada do movimento dos médicos cooperados, mas não deu resposta.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou contato ainda na quinta-feira da semana passada e voltou a buscar a Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS) nesta terça-feira (29), mas segue sem receber um posicionamento da pasta.

Tribuna do Norte