Polícia investiga atos obscenos praticados por alunos de medicina diante de jogadoras de vôlei em SP; vídeo

Estudantes de medicina fazem masturbação coletiva diante de jogadoras de vôlei em SP
Estudantes de medicina fazem masturbação coletiva diante de jogadoras de vôlei em SP — Foto: Reprodução

A Polícia Civil de São Paulo abriu uma investigação para identificar suspeitos de praticarem atos obscenos durante os jogos universitários ocorridos em São Carlos, entre os dias 28 de abril e 1º de maio. O caso chegou ao conhecimento das autoridades após as cenas serem divulgadas pela imprensa e nas redes sociais.

Até o momento, a polícia apurou que os estudantes do time de futsal masculino de uma universidade invadiram a quadra e “passaram a desfilar nus logo após o time para o qual torciam vencer uma partida de vôlei feminino contra outra instituição”.

“Nos vídeos que circulam na internet, é possível ver o grupo mostrar as genitálias e, na sequência, fazer atos obscenos voltados para a quadra. Por conta do ocorrido, a Polícia Civil determinou o registou um boletim de ocorrência na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São Carlos e enviará requisições às universidades envolvidas e à Secretaria de Esportes da Prefeitura Municipal de São Carlos”, diz a nota.

Acadêmicos do curso de Medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa), em São Paulo, causaram revolta nas redes sociais neste domingo após terem sido flagrados fazendo uma “masturbação coletiva”. O episódio ocorreu durante uma partida de vôlei feminino que fazia parte da CaloMed, competição esportiva entre universidades realizado em abril deste ano. As imagens do episódio, no entanto, só começaram a circular ao longo do final de semana.

Procurada pelo GLOBO, a instituição ainda não se manifestou. O Ministério das Mulheres e a União Nacional dos Estudantes (UNE) repudiaram o episódio.

Em algumas postagens que circulam nas redes é afirmado que o caso ocorreu durante o Intermed, outro evento esportivo de estudantes de medicina. A organização do Intermed nega e afirma que repudiar o ato.

“Romper séculos de uma cultura misógina é uma tarefa constante que exige um olhar atento para todos os tipos de violências de gênero. Atitudes como a dos alunos de Medicina, da Unisa, jamais podem ser normalizadas”, disse a conta oficial do Ministério das Mulheres no X (antigo Twitter).

Nas imagens que repercutiram, cerca de 20 homens aparecem correndo na quadra com as calças abaixadas. Eles simulam uma “Volta Olímpica” enquanto tocam suas partes íntimas. Já em outro vídeo, é possível ver a presença dos estudantes em uma plateia assistindo ao jogo feminino e simulando a masturbação.

Após a repercussão do caso, o influenciador Felipe Neto foi ao X e mencionou o Ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino. “Olá, ministro. Sei que pode parecer ‘pouco’, mas não é. Que recado o país está dando ao deixar que esses alunos de medicina façam isso impunemente?”, escreveu ele.

“Isso é crime. Teremos o silêncio das autoridades por se tratarem de futuros médicos? Ou algo será feito? Confio em você”, continuou ele. Já a deputada Marina do MST (PT) afirmou que parte do time de futsal masculino da Unisa foi expulso dos jogos universitários após a masturbação coletiva.

“O ato se configura como importunação sexual e deve ser encarado com a seriedade que merece. São essas mesmas figuras que cuidarão da nossa sociedade quando formados médicos? Não por acaso, o curso da mesma faculdade é conhecido pelos trotes violentos, misóginos e hierarquizantes”, publicou ela.

A deputada estadual Laura Sito (PT-RS) também se pronunciou nas redes sociais: “No país que um 1 estupro é registrado a cada 7 minutos, um time de futsal masculino, da Faculdade de Medicina UNISA, se masturbou coletivamente durante jogo de vôlei feminino. O ato configura como importunação sexual e todos tem que ser punidos. Ser mulher é um ato de coragem!”.

Outros políticos como o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP) também repudiaram o acontecimento.

A Universidade São Camilo se manifestou pelas redes sociais:

“O Centro Universitário São Camilo – SP informa que nossa Atlética do curso de Medicina não participa do Intermed. Porém, em abril deste ano participou de outro evento esportivo chamado Calomed, quando nossas alunas disputaram um jogo contra a equipe da Unisa. Os alunos da Unisa, saindo vitoriosos, segundo relatos coletados, comemoraram correndo desnudos pela quadra. Não foi registrada, naquele momento, nenhuma observação por parte das nossas alunas referente à importunação sexual. O Centro Universitário São Camilo apoia todos os nossos alunos e não compactua com quaisquer atos que possam atentar contra o pudor e os bons costumes”.

Em nota, o Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda, da Faculdade de Medicina Santo Amaro, afirmou: “Repudiamos as atitudes demonstradas nos vídeos que estão circulando nas mídias sociais. Tais feitos são um retrocesso para a nossa universidade e, portanto, não representam a nossa querida Casa”.

Já a Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora, da mesma universidade, afirmou que “as filmagens circuladas pela mídia não são contemporâneas e não representam os princípios e valores pregados pela” atlética. “Não toleramos ou compactuamos com qualquer ato de abuso ou discriminatório”, continua.

Nesta segunda-feira, a União Nacional dos Estudantes afirmou: “Absurdas as cenas dos alunos de medicina da Unisa durante os jogos universitários. Esses estudantes precisam ser responsabilizados pelos crimes cometidos em uma conduta inaceitável durante um jogo de vôlei feminino. Não podemos tolerar que casos como esse continuem acontecendo”.

Procurada, a Universidade de Santo Amaro (Unisa) não se pronunciou sobre o ocorrido até a última atualização deste texto. Nas redes sociais da instituição, internautas questionam se ela não publicará nenhum esclarecimento. “Aguardando a expulsão do curso e o boletim de ocorrência contra esses criminosos”, escreveu uma.

“A Universidade tem que dar punição exemplar. Milhares de mulheres são violentadas por ano no Brasil”, publicou outra. Uma terceira ainda escreveu: “Que tipo de profissional irresponsável, desrespeitoso, inconsequente, depravado, descontrolado, perigoso e amoral vocês estão formando?”.

Por meio de nota o Conselho Federal de Medicina também se manifestou:

“O Conselho Federal de Medicina repudia atos desse tipo, que configuram situações de violência e assédio. Esses casos devem ser investigados e os responsáveis penalizados.

No entanto, é importante esclarecer um ponto: até onde sabemos, esses indivíduos ainda são estudantes de medicina, ou seja, não são médicos. Sendo assim, eles não são alcançados pelos conselhos de medicina.

Portanto, cabe às instituições de ensino, às autoridades da área da educação e aos órgãos de justiça e segurança pública a apuração dos fatos, com a adoção das medidas cabíveis”.

*Estagiária sob supervisão de Daniel Biasetto

Fonte: O Globo

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