PM à paisana invade adega, agride funcionário com pau e destrói produtos em SP; vídeo

O agressor é o PM Jorgio Baltazar de Jesus, de 45 anos
O agressor é o PM Jorgio Baltazar de Jesus, de 45 anos — Foto: Reprodução / Redes sociais

Um policial militar à paisana invadiu uma adega e agrediu um funcionário com pedaço de madeira no fim da tarde da última terça-feira, em Jacareí, no interior de São Paulo. Identificado como Jorgio Baltazar de Jesus, de 45 anos, o militar também destruiu diversos produtos do local. Nos últimos dias, a Polícia Militar de SP tem sido alvo de críticas devido à divulgação de episódios de violência, como o homem arremessado de uma ponte por um PM, a morte a tiros de um estudante de medicina e a agressão à uma idosa que ficou com o rosto ensanguentado após ação truculenta de policiais.

Imagens de câmeras de segurança registraram toda a ação dentro da adega. Por volta das 17h30, o homem chega no local com um pedaço de madeira, vai em direção ao caixa e começa a agredir um funcionário de 51 anos, que precisou ser levado para o hospital. O vídeo também mostra o PM danificando uma estufa de salgado e objetos no balcão.

As agressões, segundo o G1, teriam sido motivadas por um suposto caso de assédio que o funcionário teria cometido contra o filho do policial.

Em entrevista para a TV Vanguarda, Romualdo Ramos de Souto, funcionário da adega que sofreu as agressões, admitiu que havia bebido na segunda-feira, data em que ele é acusado de ter assediado um rapaz numa padaria no mesmo bairro, e alegou que faz uso de medicamentos.

— Ele chegou aqui na adega, perguntou meu nome e já foi me agredindo, falando que passei a mão no filho dele. Mas isso eu não me lembro, porque estava embriagado — contou Romualdo.

O caso foi registrado no 1º DP da Polícia Civil de Jacareí como dano por motivo egoístico, lesão corporal e ameaça.

Procurada pelo GLOBO, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse que “todas as circunstâncias do caso são investigadas pelas polícias Civil e Militar. Além disso, o policial envolvido na agressão estava de folga, mas já foi identificado e responderá na esfera administrativa, em uma apuração instaurada pela corporação”.

Gravada em uma câmera de celular, a cena de um homem jogado de cima de uma ponte em um córrego na Cidade Ademar, na Zona Sul de São Paulo, é mais um episódio a pôr em xeque o preparo dos policiais militares e a política de segurança pública do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a cargo do secretário Guilherme Derrite. Tarcísio, assim como Derrite, criticou na terça-feira publicamente a agressão, e a morte de um ladrão de uma pequena loja por tiros nas costas dados por um PM de folga no dia 3 de novembro. Mas na manhã seguinte, nesta quarta-feira, um outro caso de violência policial tornou-se público. Desta vez, imagens mostram um motociclista já rendido, no chão, sendo agredido por agentes no bairro de Jardim Damasceno, na zona norte da capital paulista.

O caso que provocou maior repercussão ocorreu na madrugada de segunda-feira, quando testemunhas gravaram vídeo que mostra três PMs em uma ponte. Um deles encosta uma moto na mureta após uma abordagem, e outro segura pelas costas um homem com camiseta azul. De repente, o PM levanta o rapaz pelas pernas e o joga no córrego.

A Secretaria de Segurança Pública afastou 13 PMs envolvidos na ação, que estariam dispersando um baile funk nas proximidades. O Jornal Nacional informou na noite de terça-feira que a vítima é um entregador chamado Marcelo, que feriu o rosto na queda e foi levado para o hospital depois de ser socorrido por moradores de rua que estavam embaixo da ponte.

— Eu gostaria de uma explicação desse policial aí e o porquê ele fez isso — disse ao telejornal da TV Globo o pai de Marcelo, o mecânico Antônio Donizete do Amaral.

Pela manhã, nas redes sociais, Tarcísio afirmou que “aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa de uma ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda”. Secretário de Segurança Pública, Derrite divulgou um vídeo dizendo que a ação na ponte “não encontra respaldo nos procedimentos operacionais” e “ações isoladas não podem denegrir a imagem” da PM.

O governador convocou na tarde de terça-feira uma reunião de emergência com o comandante-geral da corporação, Cássio Araújo de Freitas, o subcomandante-geral, coronel José Augusto Coutinho, e o corregedor-geral, Silvio Hiroshi Oyama. O encontro seria para corrigir rumos e punir excessos da PM.

A publicação do governador na manhã de terça-feira também se refere à morte de Gabriel Renan da Silva Soares, no dia 3 de novembro, atingido com 11 tiros nas costas ao tentar furtar pacotes de sabão em um mercado da Zona Sul da capital paulista. Vídeos divulgados esta semana contrariam a versão do policial Vinicius Lima Britto, autor dos disparos, de que ele atirou em legítima defesa, registrada no boletim de ocorrência da Polícia Civil. O agente, que estava de folga quando atirou em Renan, foi afastado e será investigado pela Corregedoria.

Os dois casos repercutiram ao mesmo tempo em que terça-feira uma perícia confirmou o que a Polícia Militar já havia antecipado como provável: partiu da arma de um policial a bala que matou o menino Ryan de Silva Andrade, de 4 anos, no morro de São Bento, em Santos, no dia 5 de novembro, em uma incursão onde também foi morto um adolescente.

Fonte: O Globo

© 2024 Blog do Marcos Dantas. Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.