PF prende no Rio mais um suspeito de ligação com o Hezbollah

A Polícia Federal cumpriu, na noite deste domingo no Rio de Janeiro, mais um mandado de prisão temporária contra um suspeito de ligação contra o grupo terrorista Hezbollah. De acordo com as investigações, havia a possibilidade de recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas contra alvos específicos em sinagogas e centros judaicos no país.
Ao todo, foram 12 mandados de busca a apreensão e três de prisão em Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Goiás, além do Rio.
Em depoimento à PF, um dos alvos de busca relatou que foi a Beirute, capital do Líbano, em abril, para receber uma proposta de emprego. Cercado de homens armados, uma pessoa apontada como “chefe” teria lhe oferecido a ‘aquisição de um táxi para trabalhar e colher dados de pessoas’. Ele também lhe explicou que precisava de gente capaz de “matar e sequestrar” e que o trabalho “não era uma atividade limpa”.
Aos investigadores, o suspeito disse que recusou a oferta e deixou claro ao tal líder que “não era a pessoa certa para realizar este serviço”. Na ocasião, ele não foi informado sobre qual organização aqueles homens pertenciam, mas “concluiu” posteriormente que poderia se tratar do Hezbollah.
O suspeito chegou a receber ao todo US$ 600 dólares (R$ 3.000 em espécie) do grupo, que falava árabe, português e inglês. Ele também foi levado a um hotel de luxo de Beirute e recebeu um guia para visitar locais turísticos da cidade. A ordem dada recebida é que ele “deveria tirar muitas fotos, afim de comprovar, se necessário que tinha ido ao Líbano fazer turismo”.
“O declarante compreendeu que se tratava de uma organização extremista que tentava recrutá-lo”, diz a transcrição do depoimento. A identidade do homem não foi revelada e ele foi liberado em seguida.
Os outros dois homens que foram presos temporariamente pela PF foram ouvidos. Segundo a colunista Bela Megale, um deles preferiu ficar em silêncio. E o outro explicou que foi ao Líbano para negociar ouro e agrotóxicos e negou ter relações com o Hezbollah
A PF ainda procura um libanês e um sírio com nacionalidade brasileira que estão no exterior – o nome deles foi incluído na lista da difusão vermelha da Interpol. O sírio já era monitorado por policiais desde o fim de 2022 por contrabando de cigarros eletrônicos. A maior parte dos mandados de busca cumpridos em Minas ocorreram em endereços ligados a ele.
Formado por muçulmanos xiitas, o Hezbollah possui um braço político, que tem representação no Congresso do Líbano, e um braço paramilitar, que é apoiado financeiramente pelo Irã. Aliado do Hamas, o grupo está em guerra contra Israel.
Fonte: O Globo