HPV, da sigla em inglês, é o vírus do papiloma humano. Conhecido popularmente como crista de galo, é a doença sexualmente transmissível mais comum do mundo. O vírus atinge homens e mulheres e na maior parte das infecções não apresenta sintomas.
Além disso, por possuir mais de 200 variações, o vírus nem sempre é detectado no início e a infecção causada pode evoluir para um câncer, particularmente quando ocorre na genitália feminina. Estudos apontam que a maioria dos casos de câncer de colo do útero são causados pelo HPV.
Atualmente, os exames para detecção do vírus e identificação a tipagem são precisos, mas o alto custo se apresenta como uma dificuldade de acesso para a população.
Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) uma pesquisa teve como objetivo criar um novo sistema para encontrar e identificar o papilomavírus humano por um custo menor e resultou na dissertação do estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica, Gustavo Henrique Oliveira Cavalcante.
O orientador da pesquisa e professor do Departamento de Bioquímica da UFRN, Daniel Carlos Ferreira Lanza disse que o desejo de criar uma nova forma para detectar o vírus surgiu, principalmente, em função das dificuldades que existem para identificar o tipo de HPV presente nas biópsias de tecido do colo uterino.
‘’O nosso alvo foi o HPV, que é um vírus de grande importância na área médica, porque todo mundo tem que se submeter aos exames, principalmente as mulheres, que podem desenvolver o câncer de colo do útero’’, explicou.
O estudante Gustavo Cavalcante, autor do trabalho Estudo da variabilidade genética do papilomavírus humano e determinação de alvos moleculares para detecção e tipagem, considera que o resultado foi compensador.
“Nós desenvolvemos uma variação do método tradicional da reação em cadeia da polimerase (PCR). O novo mecanismo encontra o vírus com a mesma precisão dos métodos que já existem e, além disso, identifica os tipos de HPV mais comuns no Brasil e no mundo e por um custo menor”, acrescenta.
Atualmente, os exames laboratoriais que fazem a detecção e a tipagem do HPV exigem alto investimento. No entanto, o método desenvolvido por Gustavo Cavalcante pode reduzir o custo da análise. “A técnica se baseia em uma reação e detecção simples e, por isso, pode ser preparada em qualquer laboratório que disponha dos equipamentos básicos para trabalhos com biologia molecular”, afirma o pesquisador.
Segundo o médico Ricardo Cobuz, que também participou do estudo, a média do preço do exame a partir do novo método será em torno de quarenta reais. Ricardo Cobuz faz parte da equipe do Laboratório de Biologia Molecular de Doenças Infecciosas e Câncer, que é supervisionado pelo professor do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFRN, José Veríssimo Fernandes.
Além de identificar o HPV, o exame desenvolvido pelo mestrando Gustavo Cavalcante tem a capacidade de encontrar rubéola e zika. O teste já foi parcialmente validado no Laboratório de Biologia Molecular Aplicada – LAPLIC do Departamento de Bioquímica (www.laplic.com.br) da UFRN.
O sistema também já pode ser licenciado para iniciativa privada, uma vez que o pedido de patente de invenção já foi depositado junto ao Instituto de Propriedade Industrial (INPI). A expectativa da equipe é que após a validação em maior escala, o sistema esteja disponível para as instituições interessadas.