Paulistanos veem pobreza aumentar e defendem políticas de moradia para reduzir população nas ruas, diz Ipec

Pessoas em situação de rua dormem na Praça do Patriarca, em São Paulo
Pessoas em situação de rua dormem na Praça do Patriarca, em São Paulo — Foto: Edilson Dantas

Três quartos (75%) dos moradores da capital paulista avaliam que a população de pessoas em situação de rua aumentou no último ano. De acordo com nova pesquisa do Ipec encomendada pela Rede Nossa São Paulo e divulgada nesta quinta-feira, só 5% afirmam que o número de desabrigados na cidade diminuiu, enquanto 16% dizem acreditar que esse contingente permaneceu igual nos últimos 12 meses.

O levantamento “Viver em SP: Pobreza e Renda” apresenta um quadro de deterioração da saúde econômica da população paulistana e de como ela percebe a si mesma. Os resultados acendem um alerta para os candidatos que disputarão a eleição municipal em outubro.

Para 71% dos entrevistados, cresceu a população que enfrenta fome e pobreza na cidade, contra 17% que não perceberam mudanças. A maioria (65%) também notou aumento no número de pessoas pedindo esmola nas ruas, e que há mais famílias sem um teto para abrigá-las.

O principal responsável por esse aumento da população em situação de rua, segundo 67% dos entrevistados, é o desemprego na cidade. A sensação de que hoje é mais difícil conseguir trabalho na capital paulista, porém, não reflete o que os dados oficiais mostram: o saldo entre contratações e demissões na cidade foi positivo em março, de acordo com o Novo Caged, enquanto as taxas de desocupação e de subutilização da força de trabalho apresentam constante declínio.

Para melhorar a vida daqueles que hoje passam fome e enfrentam pobreza na cidade, 62% dos paulistanos acreditam que a solução está em políticas de geração de emprego. Mais da metade (53%) defende ainda a garantia de uma renda mínima para a população, e 51% dizem ser preciso fortalecer ou ampliar a assistência social municipal.

Já para enfrentar o crescimento do número de moradores de rua, 50% acreditam que é necessário ampliar políticas de moradia, como o aluguel social. O tema da habitação deve ser um dos grandes debates da eleição deste ano: o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), ampliou as entregas de unidades habitacionais com seu programa Pode Entrar, enquanto um de seus principais adversários, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), é líder histórico do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

Outro tema já posto para a eleição deste ano é a cracolândia, problema que já perdura há três décadas na cidade. A grande maioria dos entrevistados pelo Ipec (88%) avalia que as ações do poder público para os dependentes químicos que frequentam a região são “pouco ou nada eficazes”. As soluções mais citadas na pesquisa foram o combate ao tráfico de drogas (30%) e a construção de unidades de saúde especializadas (24%).

Quando perguntada sobre a própria renda, a maior parte dos paulistanos (52%) diz que se manteve estável no último ano, contra 16% que notaram incremento e 27% que relataram perdas. Mas quase a metade (44%) declara que precisou desempenhar alguma atividade extra para complementar a renda nos últimos meses, como faxinas e serviços gerais.

O que mais pesa no bolso dos paulistanos, segundo o levantamento, é a alimentação. O item foi apontado por 87% como o que mais impacta o orçamento familiar, seguido por gastos médicos, e por despesas com moradia e aluguel.

A pesquisa Viver em São Paulo: Pobreza e Renda foi realizada em dezembro de 2023 a partir de 800 entrevistas presenciais e online com moradores de São Paulo com 16 anos ou mais. A margem de erro é estimada em três pontos percentuais para mais ou menos, para um intervalo de confiança de 95%.

Fonte: O Globo

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