Para estancar crise imobiliária, governo chinês avalia comprar milhões de imóveis encalhados

Bairro inacabado e abandonado, perto de Shenyang, na província de Liaoning
Bairro inacabado e abandonado, perto de Shenyang, na província de Liaoning — Foto: Andrea Verdelli/Bloomberg

A China avalia uma proposta para que governos locais de todo o país comprem milhões de imóveis não vendidos, segundo fontes. Seria uma das tentativas mais ambiciosas até agora para tirar o setor de uma crise interminável.

O Conselho de Estado do país está consultando várias províncias e entidades governamentais sobre o plano preliminar, segundo pessoas a par do assunto, que pediram anonimato. Embora a China já tenha experimentado vários programas-piloto para eliminar o excesso de oferta com a ajuda de financiamento estatal, o plano mais recente seria muito maior em escala.

Empresas estatais locais seriam solicitadas a ajudar a comprar imóveis residenciais que incorporadoras em dificuldades não conseguiram vender, com grandes descontos e financiamento de bancos estatais, segundo duas das fontes. Muitas das propriedades seriam então convertidas em moradias populares.

As autoridades ainda discutem os detalhes do plano e sua viabilidade, disseram as pessoas, acrescentando que poderá levar meses para ser finalizado se o governo decidir ir adiante. O Ministério da Habitação não respondeu a um pedido de comentário.

Se implementado, o plano iniciará uma nova fase nos esforços para resolver o maior problema enfrentado pela segunda maior economia do mundo. As vendas de moradia na China despencaram cerca de 47% nos primeiros quatro meses do ano, e o estoque de imóveis não vendidos paira no nível mais alto em oito anos, exacerbando uma crise que ameaça deixar 5 milhões de pessoas em risco de desemprego ou perda de renda.

O plano pode “injetar liquidez diretamente nas incorporadoras e melhorar sua situação financeira, bem como digerir imediatamente o excesso de estoque”, disse Raymond Cheng, chefe de pesquisa imobiliária na China da CGS International Securities. “É claro que serão necessários muitos recursos, pelo menos 1 trilhão de yuans, para tornar o impacto mais significativo.”

Shujin Chen, chefe de pesquisa financeira e imobiliária na China do Jefferies, estima que seriam necessários pelo menos 2 trilhões de yuans (US$ 277 bilhões) em investimentos.

Fonte: O Globo

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