Onda de calor: até quando vão as altas temperaturas no Brasil?

A oitava onda de calor de 2023, em curso desde o último dia 8, deve durar mais do que esperado. Inicialmente, o fenômeno estava previsto para acabar nesta quarta-feira, mas o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) estendeu o seu alerta até a próxima sexta, enquanto as altas temperaturas devem ser constantes, pelo menos, até o final do ano.
De acordo com o Inmet, mais de 1.400 municípios estão sendo afetados pela onda de calor. Dessas cidades, 1.138 estão com alerta vermelho de “grande perigo”, quando os moradores devem sentir os efeitos do calorão, em temperaturas 5 graus acima do habitual, por mais de cinco dias seguidos. Já o alerta laranja, de “perigo”, foi dado para todo o Sudeste e regiões do Sul, Norte e Nordeste.
A expectativa é que essa seja a pior semana até agora de um ano já marcado por extremos climáticos no Brasil. O calor ficará na faixa de 40 graus, com perigo para a saúde e o meio ambiente, em todas as regiões. A exceção é a região Sul, onde, pelo contrário, a chuva aumenta, com potencial de causar tragédias, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden).
A previsão climática — que é um consenso entre o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cpetec), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) — já identifica que as temperaturas máximas e mínimas vão ficar acima da média em boa parte do país até o início do próximo ano.
— O verão começa no dia 22 de dezembro e, como é a estação mais quente, a tendência é do calor persistir até, no mínimo, janeiro de 2024. É claro que terão chuvas e, quando elas ocorrerem, há uma reduzida no abafamento — explica a meteorologista do Inmet Andrea Ramos.
Segundo Andrea Ramos, o que vai reduzir a sensação térmica de calor extremo são as incursões dos sistemas frontais, que proporcionam chuva. Porém, há a possibilidade das temperaturas altas persistirem até o próximo outono.
O El Niño é geralmente associado ao aumento das temperaturas globais e a intensificação dos eventos climáticos. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) coloca que o fenômeno climático tem 62% de chances de persistir até junho de 2024, o que engloba o verão e o outono brasileiros.
— O El Niño vai provocar um calor que persiste na parte central do país, com irregularidades fortes de chuvas na região Sul e tempo seco e quente no Norte — detalha Andrea Ramos.
A meteorologista do Inmet explica que o El Niño entrou no seu pico no em outubro, o que deve persistir até fevereiro. O fenômeno só começa a perder força a partir de abril, com uma redução gradual da sua influência.
— Entre abril, maio e junho, há uma influência da La Niña, que contrapõe o El Niño. Ela o ameniza e as temperaturas tendem a não serem tão altas. Por exemplo, no ano passado, estávamos sob a sua atuação e tivemos até recorde de frio em Brasília, com 1,4°C. Temos que ficar atentos a todas as transformações, mas a maior possibilidade de neutralidade de temperaturas é para meados de junho — conclui.
Fonte: O Globo