Óleo da Caatinga vira ingrediente de formulação em descoberta científica da UFRN

Uma descoberta científica realizada por um grupo de pesquisa de farmacêuticos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) resultou na elaboração de um produto com variadas aplicações, isto é, farmacêuticas, odontológicas, veterinárias e cosméticas. Isso se deve às suas propriedades hidratante, antibacteriana, antiparasitária, antioxidante e antifúngica. Objeto usa óleo fixo de licuri extraído de uma palmeira nativa abundante na Caatinga que pode ser encontrada nos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, para obter uma nanoemulsão com características farmacêuticas.

As chamadas nanoemulsões são sistemas nanotecnológicos cujas gotículas se encontram na faixa de 20 a 500 nanômetros, situação imprescindível para promover proteção, controle de liberação, permeação, redução de toxicidade e incremento das propriedades biológicas inerentes ao bioativo neste caso, o óleo de licuri. É do óleo que as propriedades hidratante, antibacteriana, antiparasitária, antioxidante e antifúngica ‘brotam’.

Segundo o doutorando do PPGNANO/UFRN, Douglas Dourado Oliveira, o sistema nanotecnológico utilizado possibilita contornar as limitações funcionais referentes aos aspectos de odor, textura e sabor do óleo, bem como, aprimora suas propriedades.

“A nanoemulsão tem na sua composição uma fase aquosa dispersante e uma fase oleosa dispersa estabilizada por tensoativos. A combinação dos dois momentos propicia que alcancemos uma formulação que não compromete as atividades biológicas e nem sequer a adesão terapêutica por parte do paciente”, coloca o estudante.

Dourado acrescenta que o uso do óleo de licuri agrega valor à região Nordeste e ao bioma Caatinga, além de fomentar ciclos de sustentabilidade a partir do aproveitamento das sementes desta espécie. O licuri é da espécie Syagrus coronata (Mart.) Becc pertencente à família das palmáceas, predominante na região do semiárido do Brasil. Das sementes dessa palmeira, obtém-se o óleo fixo de licuri. O Nordeste brasileiro, inclusive, possui imensa diversidade de plantas oleaginosas com potencial biológico promissor, que em sua maioria, têm sido pouco exploradas.

“A tecnologia se encontra em estágio intermediário, quando foram desenvolvidas nanoemulsões veiculando o óleo de licuri. Estas nanoemulsões foram caracterizadas e verificadas quanto a sua estabilidade a longo prazo e sua segurança in vitro. Os próximos passos da pesquisa se referem a estudos de atividade terapêutica in vitro, previsto para finalização até o fim do ano”, descreve Dourado.

Expertise em patenteamento

A nova tecnologia foi desenvolvida em experimentos no Laboratório de Sistemas Dispersos (LaSiD) do Departamento de Farmácia da UFRN, vinculado ao Grupo de Pesquisa Desenvolvimento de Medicamentos. Além de Douglas Dourado, conta com a participação de Matheus Cardoso de Oliveira, Éverton do Nascimento Alencar, Lucas Amaral Machado, Daniel Torres Pereira e Eryvaldo Sócrates Tabosa do Egito, coordenador do grupo.

“O processo de patenteamento garante aos inventores e a universidade proteção da sua propriedade intelectual, sendo passível de realizar transferência desta tecnologia, fomentando as relações entre universidade-indústria, assim como outros setores de interesse. Está inserido em um contexto, numa perspectiva mais ampla, como uma ferramenta que possa ajudar a disponibilizar para a população terapias novas e mais vantajosas para tratamentos diversos”, salienta Sócrates.

O pedido de patente dessa ferramenta passa a integrar o portfólio da vitrine tecnológica da UFRN, invenções que podem ser acessadas no site da Agência de Inovação da UFRN. A patente em si é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores, autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação.

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