O que se sabe sobre colisão de Porsche que matou motorista de aplicativo

Porsche que bateu em Renault Sandero neste domingo (31)
Porsche que bateu em Renault Sandero neste domingo (31) — Foto: Rômulo D'Ávila/ TV Globo

A Justiça de São Paulo negou o pedido da Polícia Civil para prender o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, que colidiu, no último domingo, seu Porsche 911 Carrera GTS contra o carro do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana. A vítima morreu no acidente. Fernando Filho foi indiciado por homicídio doloso, lesão corporal e fuga.

Nascido em uma família de empresários do mercado imobiliário e de construção, Fernando deixou o local da batida com a mãe, não sendo mais encontrado até a segunda-feira, quando compareceu à delegacia. O carro dirigido pelo estudante de engenharia custa mais de R$ 1 milhão, e o IPVA do modelo é de quase R$ 34 mil.

O Porsche 911 Carrera GTS dirigido por Fernando não tinha seguro, conforme apurou O GLOBO. O incidente aconteceu na madrugada deste domingo, na Avenida Salim Farah Maluf. Veja abaixo o que se sabe sobre o caso:

Durante seu depoimento na Polícia Civil, feito mais de 36 horas depois da colisão, Fernando Sastre Filho relatou que estava “um pouco acima do limite” de velocidade de 50 km/h, segundo a TV Globo. Testemunhas relataram que o Porsche de Sastre ultrapassou em alta velocidade antes de perder o controle.

Mãe do motorista, Daniela Cristina de Medeiros Andrade disse no seu depoimento, segundo o portal UOL, ter chegado ao local do acidente antes que a PM. Ela negou ter ajudado o jovem a fugir e disse ter sido liberada para levar o filho a um hospital por um policial militar. Ela admitiu, no entanto, não ter levado Fernando a uma unidade de saúde e, sim, ao apartamento do próprio jovem. No local, Daniela Andrade relata ter tomado um relaxante muscular e dormido.

Por ter deixado o celular no carro, não atendeu ligações dos policiais militares que queriam pedir para Fernando Filho realizar o teste do bafômetro. Daniela Andrade teria tentado retomar contato com os policiais, posteriormente.

A defesa do motorista se manifestou por meio de nota. “Prematuro, neste momento, julgarmos as causas do acidente, na medida em que os laudos das perícias realizadas ainda não foram concluídos”, diz o texto.

“Importante destacar que Fernando não fugiu do local do acidente, uma vez que já havia socorro sendo prestado às outras vítimas, Fernando já devidamente qualificado pelos policiais militares de trânsito, tendo sido liberado pela Polícia Militar para que fosse encaminhado ao hospital. Contudo, por fundado receio de sofrer linchamento, já que naquele momento passou a sofrer o “linchamento virtual”, bem como por conta do choque causado pelo acidente e pela notícia do falecimento do motorista do outro veículo, foi necessário seu resguardo”, diz ainda o documento.

Após indiciar Fernando Filho por homicídio doloso, lesão corporal e fuga, a Polícia Civil pediu a prisão temporária do homem. Segundo o Tribunal de Justiça do estado, o pedido foi negado por não atender aos requisitos necessários da legislação.

A conduta do motorista foi caracterizada como “dolo eventual”, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. O dolo eventual é aplicado quando se entende que o suspeito não tinha intenção de causar a morte de alguém, mas tomou atitudes em que assumiu o risco de que isso ocorresse.

Fernando Filho nasceu em 1999, é estudante de engenharia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e sócio de dois empreendimentos: a FF Andrade Prestação de Serviços Administrativos, fundada em 2018, quando tinha 18 anos, e a construtora Sastre Empreendimento Imobiliário, fundada em 2020, que atua em construção de prédios residenciais e loteamento de imóveis.

O pai de Fernando Filho, identificado como Fernando Sastre de Andrade, também é sócio em pelo menos outros três empreendimentos do ramo de construção, como a loja de materiais Irmãos Andrade, localizada no Parque Paineiras, e o Comércio de Ferro e Material Para Construção F. Andrade.

O acidente aconteceu depois das 2h da madrugada do domingo de Páscoa. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública, agentes da Polícia Militar foram até o local para auxiliar no resgate das vítimas e preservar o local. Testemunhas afirmaram à TV Globo que Fernando Sastre Filho dirigia acima de 50 km/h, velocidade máxima permitida na via.

No local, além de Ornaldo, que morreu na hora, Fernando e outro passageiro também apresentavam ferimentos. O empresário foi socorrido pela mãe, identificada como Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 45 anos. A mulher disse aos policiais que levaria o filho a uma unidade hospitalar na Zona Sul.

Ainda de acordo com informações da SSP, durante a apuração da ocorrência, agentes verificaram que Fernando seria o responsável pelo acidente. Foram, então, até o hospital para onde a mãe contou que o levaria, mas não os encontraram.

Os policiais também foram até a residência do empresário, e não o acharam. Desse modo, a ocorrência foi registrada como homicídio culposo, lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e fuga de local de acidente.

O caso é investigado pelo 30º DP. Quanto à liberação de Fernando Filho e da mãe do local de acidente por parte de agentes da Polícia Militar, a corporação diz que vai analisar “a dinâmica da ocorrência para identificar eventual erro de procedimento operacional”.

Fonte: O Globo

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