O que é um tsunami meteorológico, que atingiu SC neste sábado; entenda e veja vídeo

Tsunami meteorológico atinge SC neste sábado.

Por volta das 16h deste sábado, um tsunami meteorológico foi registrado na praia do Cardoso, cidade de Laguna, no litoral de Santa Catarina. O fenômeno foi confirmado em nota pela Defesa Civil do estado. Imagens do momento mostram as grandes ondas invadindo a praia, carregando carros e surpreendendo os banhistas que estavam no local. Não houve registros de feridos, e a maré já baixou.

O fenômeno é diferente de um tsunami comum, em que geralmente as ondas crescem devido a abalos sísmicos, terremotos, que ocorrem debaixo d’água. No caso dos tsunamis meteorológicos, também chamados de meteotsunamis, o motivo são rajadas de vento.

“Os meteotsunamis são provocados por perturbações da pressão atmosférica, frequentemente associadas a eventos meteorológicos rápidos, como tempestades severas, frentes de rajadas e outras frentes de tempestade. De acordo com a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, a NOAA, a tempestade gera uma onda que se move em direção à costa e é amplificada por uma plataforma continental rasa e uma entrada, baía ou outra característica costeira”, explica a MetSul Meteorologia.

As ondas, aponta, podem chegar a dois metros de altura. Há precedentes de ocorrências no Sul do país nos últimos anos, mas a Defesa Civil destaca que o tsunami meteorológico não é algo comum e que é difícil de ser previsto.

“Geralmente ele ocorre atrelado a algum sistema meteorológico como linhas de instabilidade, que foi o que aconteceu hoje. Não havia previsão de mar agitado, nem de alagamentos costeiros na costa de SC, porém a passagem desta linha de instabilidade pelo Litoral Sul provocou o fenômeno de tsunami meteorológico”, diz documento elaborado por meteorologistas do órgão.

A nota explica ainda que as linhas de instabilidade são formadas por células de tempestade que, quando passam de forma paralela à costa, podem gerar mudanças bruscas na pressão atmosférica e rajadas de vento intensas, “que colaboram para o avanço da água do mar em direção à praia”.

“As linhas de instabilidade provocam “pulsos” de pressão atmosférica que se propagam perturbando as águas da plataforma continental (…) Assim a altura da onda é amplificada e ao se propagar em direção à costa pode se amplificar ainda mais, atingindo alguns metros de altura em um curto período de tempo (minutos), o que provoca uma subida rápida de maré podendo ocasionar ressaca e inundações costeiras”, afirmam os especialistas.

Segundo a MetSul, “intensas áreas de instabilidade avançaram como uma frente de rajada com chuva e vento forte pelo Sul de Santa Catarina do meio para o final da tarde deste sábado, trazendo vento muito forte em Laguna. As rajadas na hora do temporal chegaram a 73 km/h no Farol de Santa Marta, mas em mar aberto na costa devem ter sido mais fortes para gerar as ondas”.

Ela explica ainda que, nas horas precedentes do tsunami, o vento na região já estava com uma velocidade perto de 80 km/h. Acrescenta ainda que “o temporal foi favorecido por ar muito quente e o deslocamento de uma frente fria a partir do Leste gaúcho”.

Os meteorologistas da Defesa Civil também explicam que o alcance da inundação depende da inclinação da praia e da presença ou não de dunas. Em locais planos e voltados para o Sul, como é em Laguna, a água pode alcançar dezenas a centenas de metros das áreas costeiras.

Fonte: O Globo