O pré-sal agrícola na economia circular

As consequências do desenvolvimento industrial trouxeram grandes impactos ao meio ambiente. O espírito explorador do homem tem consequências brutais no próprio ambiente que vive. É por meio das mãos humanas que a natureza se deteriora, tirando dela a força de seu trabalho silencioso.
A revolução industrial trouxe danos que a natureza, de certa forma, conseguiu recuperar. Entretanto, hoje a sociedade desafia a fronteira da exploração dos recursos naturais, sem preocupações com a próxima geração.
Portanto, é necessária uma mudança nos processos produtivos para haver uma economia baseada em modelos regenerativos, diminuindo o desperdício dos recursos naturais. Nesse cenário, surge a economia circular.
Estimulados pelos princípios da preservação e aprimoramento do capital natural, esse modelo econômico otimiza o uso dos recursos que já foram explorados e retirados do meio ambiente, melhorando o fluxo de bens.
A agricultura ganha espaço privilegiado no que diz respeito à regeneração da natureza e criação de valor na produção. Sistemas agrícolas podem, por meio de seus resíduos, aumentar os lucros e a produção de outros setores econômicos com o uso desses subprodutos, como o pré-sal agrícola, reduzir custos da matéria-prima, além de ajudar a restaurar a biodiversidade.
Para minimizar a questão da disposição final imprópria dos resíduos agrários nas próprias fazendas, instalações de processamento e produção de biogás poderão ser construídas para que esses subprodutos sejam recuperados e reinseridos na economia, ao criar uma fonte de energia alternativa para abastecer outros setores econômicos.
Ao elaborar projetos que reúnam a base da economia circular e reaproveitamento de resíduos do agro na criação de energia, não só minimiza os impactos ambientais como também reduz os custos energéticos.
No Brasil, o setor da agricultura é bem desenvolvido. Conforme o CNA, o agronegócio tem sido reconhecido como um vetor crucial do crescimento econômico brasileiro e, em 2020, a soma de bens e serviços produzidos no agronegócio correspondeu a 27% do PIB.
Uma transição energética precisa ocorrer e o setor da agricultura pode ser de grande utilidade quando usa seus resíduos para criação energética de outros setores. Usar os resíduos provenientes da agricultura para produção de energia limpa é um dos caminhos que elevam a invisível força motora da sustentabilidade. O ano de 2024 será um marco para o país, visto que será feita pela 1ª vez a emissão de títulos verdes soberanos para apoiar projetos como os de biocombustíveis que venham da agricultura.
De forma geral, as soluções sobre a transição energética serão diferentes para cada país. Para os desenvolvidos, carros elétricos podem ser o início de uma mudança viável rumo à melhoria ambiental. Já para os subdesenvolvidos, a solução encontrada poderá ser os biocombustíveis e o reaproveitamento de resíduos para sua produção.
Não há escolhas certas, melhores ou piores, mas as que mais se adaptam a cada realidade local. Com sua extensão territorial de 8.515.759 km² e sendo o 4º maior produtor agrícola do mundo, o Brasil poderá encontrar na agricultura um modo de usar seus subprodutos para aumentar e diversificar sua matriz energética.
Fonte: Poder360