Darlan dos Santos Pereira, de 22 anos, foi uma das milhares de vítimas das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio e teve sua casa invadida com água até a cintura. Cerca de seis meses após a tragédia climática, o estudante vê na prova do Enem uma chance de “se reconstruir”.
— Eu fui completamente atingido. Teve coisas que eu nem consegui salvar, como certificados de cursos, livros, desenhos também, porque eu sou artista — contou Darlan sobre o impacto da cheia, que levou água até a cintura em sua antiga residência, no bairro Sarandi, um dos mais atingidos em Porto Alegre.
Após o impacto da tragédia, o estudante se refugiou com amigos em um sítio em Gravataí, município vizinho à capital gaúcha.
— Eu lembro que eu cheguei em casa e a água nos pés. Aí eu peguei o que dava para pegar e eu fiquei em um sítio em Gravataí com uns amigos refugiado completamente. A gente não conseguia sair de lá. O trânsito estava horrível, não tinha ônibus, o carro estava demorando de 3h a 4h para sair de lá. Então estava uma situação bem difícil — relembra Darlan.
O jovem abandonou a casa atingida no bairro da Zona Norte de Porto Alegre e se mudou para o Centro Histórico. Ele diz não ter recebido nenhum tipo de auxílio, pois os benefícios foram destinados ao proprietário da residência em que morava.
Seis meses depois da tragédia, Darlan vê no Enem 2024 uma forma de compensar as perdas de maio. O estudante aguardou a abertura dos portões na PUCRS para entrar na sala da prova o mais próximo possível das 12h.
— A gente espera o ano todo por este momento. O Enem é a chance de eu me reconstruir. Não só para mim, mas para muitos outros jovens — explicou o motivo de se antecipar.
Fonte: O Globo