‘Nunca estive em uma cena mais horrível’: Fotógrafo do NYT que estava a poucos metros de Trump descreve ataque

Agentes do Serviço Secreto em cima de Donald Trump
Agentes do Serviço Secreto em cima de Donald Trump — Foto: Doug Mills/The New York Times

O ex-presidente Donald Trump foi retirado às pressas do palco por agentes do Serviço Secreto enquanto discursava em um comício eleitoral em Butler, na Pensilvânia, neste sábado, em um ataque de um franco-atirador que deixou um espectador, além de dois feridos em situação grave, de acordo com autoridades dos EUA.

Doug Mills, um fotógrafo veterano do The New York Times que tem fotografado presidentes desde 1983, estava a poucos metros do ex-presidente Donald J. Trump no comício quando os tiros começaram.

O que você viu e ouviu hoje?

Foi um comício muito padrão e típico. O ex-presidente estava talvez uma hora atrasado. A multidão estava animada o dia todo. Donald J. Trump chegou acenando para a multidão, como em qualquer outro comício que ele faz.

Havia um grupo de fotógrafos, talvez quatro de nós, que estávamos na área de segurança a poucos metros do ex-presidente. Estávamos todos tentando conseguir nossas fotos normais, empurrando um ao outro.

De repente, ouvi o que pensei que fossem três ou quatro estampidos altos. A princípio, pensei que fosse um carro. A última coisa em que pensei foi em tiros.

Continuei tirando fotos. Ele se abaixou atrás do púlpito, e eu pensei: “Meu Deus, algo aconteceu.”

Então todos os agentes começaram a correr para o palco, e basicamente o cobriram completamente. Eu podia ouvi-los gritando. Primeiro alguém disse: “Senhor, senhor, senhor.”

Com isso, os contra-snipers, também membros do Serviço Secreto, que raramente vemos a menos que estejam em um telhado ou algo assim, apareceram do nada e estavam no palco com rifles automáticos.

Fui de um lado do palco para o outro para ver se conseguia vê-lo melhor. Foi quando ele se levantou e ergueu o punho no ar. E eu pensei: “Ele está vivo, ele está vivo.”

Eu podia ver sangue em seu rosto. Continuei tirando fotos. Por mais resistente que ele parecesse naquela imagem com o punho erguido de forma desafiadora, no próximo quadro que tirei, ele parecia completamente esgotado. Muito, muito chocado.

Quando ele desceu os degraus, o Serviço Secreto o cobriu completamente com um manto de pessoas e o levaram até seu SUV.

O que aconteceu depois?

Eu me virei e vi pessoas gritando e ouvi que alguém havia sido baleado na multidão. Eles nos mantiveram na tenda normal de espera do Trump por cerca de 30 minutos.

Quando saímos, vimos o campo cheio de lixo, garrafas plásticas, celulares, uma cadeira de rodas motorizada abandonada.

Em sua carreira, você já esteve em uma situação semelhante?

Sempre temi estar nessa situação. Sempre me perguntei o que faria nessa situação. Espero conseguir a foto certa. Espero não ser baleado.

A princípio, pensei imediatamente: “Será que posso ser baleado?” Foi assustador.

Nunca estive em uma cena mais horrível. Por mais que eu tenha coberto presidentes por 35 a 40 anos, não é algo que eu gostaria de testemunhar.

Havia muitos membros da equipe dele nos bastidores chorando, recebi muitos abraços, todos dizendo: “Estou tão feliz que estamos bem.”

Nunca imaginei estar em uma situação assim.

Fonte: O Globo

© 2024 Blog do Marcos Dantas. Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.