Ministro da Defesa israelense afirma que enviará mais tropas a Rafah, em sinal de intensificação da ofensiva

Mulher caminha em local onde havia campo de refugiados em Rafah, na Faixa de Gaza
Mulher caminha em local onde havia campo de refugiados em Rafah, na Faixa de Gaza — Foto: AFP

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou um novo envio de tropas para Rafah, cidade no Sul da Faixa de Gaza que é hoje o centro da operação militar no enclave palestino. A decisão é mais um sinal de que os israelenses pretendem seguir com a ofensiva terrestre na cidade, que tem servido como abrigo para centenas de milhares de pessoas que fugiram dos combates em outras áreas de Gaza.

Segundo Gallant, a operação na área “continuará conforme a entrada de forças adicionais”, afirmando que “muitos túneis na área foram destruídos pelas tropas”, e que “essa atividade será intensificada”.

“Centenas de alvos foram atingidos, e nossas forças estão realizando manobras na área”, disse Gallant, em comunicado emitido pelo ministério. Ele não deu prazos para o reforço das tropas e, especialmente, para uma eventual intensificação dos combates. Até o momento, as ações foram localizadas, usando ofensivas pontuais de tanques e ataques aéreos recorrentes.

Há meses, Israel vem sinalizando a intenção de avançar sobre Rafah — antes do início da operação preliminar, no começo do mês, a cidade abrigava 1,4 milhão de pessoas, em condições críticas, com falta de alimentos, água e saneamento básico. Como preparação para a ofensiva, os postos de fronteira com o Egito e com Israel foram fechados, impedindo a entrada de ajuda humanitária.

“A incursão em Rafah é um baque significativo aos modestos progressos recentes sobre o acesso de ajuda. A ameaça da fome em Gaza nunca foi maior”, afirmou, em comunicado, o Programa Alimentar Mundial da ONU. “Todos os envolvidos precisam priorizar o acesso seguro e contínuo aos profissionais humanitários, e proteger as vidas civis.”

Segundo a agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA, cerca de 600 mil pessoas deixaram Rafah com a intensificação dos combates, seguindo para campos improvisados em áreas como Khan Younis ou para outras cidades de Gaza, apesar da escala de destruição e da completa ausência de condições de moradia.

“Mais de 600 mil palestinos de Rafah e mais 100 mil do norte de Gaza, incluindo crianças, idosos, pessoas com deficiência e/ou doenças crônicas, foram deslocados à força desde 6 de maio por ordem das forças israelenses e por operações intensificadas”, afirmou no X, o antigo Twitter, a representação do Escritório da ONU para os Direitos Humanos na Palestina. “As forças israelenses devem parar de colocar os deslocados internos em risco e, em vez disso, satisfazer as suas necessidades básicas, caso não sejam capazes, devem facilitar a entrada e distribuição de assistência humanitária e outras necessidades vitais.”

Mesmo com os apelos para que não seja realizado um ataque de grande porte, inclusive de aliados como os EUA, as palavras de Gallant sugerem que o governo israelense não fará correções de curso aos planos aprovados pelo premier Benjamin Netanyahu. Israel vê a batalha de Rafah como uma etapa decisiva no enfrentamento ao grupo terrorista Hamas, responsável pelos ataques de 7 de outubro do ano passado.

Informações de serviços de inteligência apontam que as principais lideranças da organização não estão mais na cidade, e estariam escondidas em túneis nos arredores de Khan Younis — entre elas, o líder do Hamas, Yahya Sinwar, a pessoa mais procurada da Faixa de Gaza. Acredita-se que apenas alguns batalhões estejam baseados em Rafah, que estariam se preparando para resistir “até o fim”.

Os aliados ocidentais de Israel ainda não comentaram os planos anunciados por Gallant. Na semana passada, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou a suspensão de um envio de equipamentos militares, incluindo bombas usadas em ataques aéreos, citando que elas estavam provocando “a morte de civis”.

Contudo, na quarta-feira, a própria Casa Branca deu sinal verde a um novo pacote de ajuda militar de US$ 1 bilhão (R$ 5,13 bilhões) aos israelenses, composto por munições e veículos. Embora não haja uma data para o envio, sua aprovação pôs em xeque a pressão pública de Biden sobre Netanyahu.

Fonte: O Globo

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