Mauro Vieira diz que situação dos 32 brasileiros que deixaram Gaza está ‘resolvida’ e ironiza embaixador de Israel: ‘Não conheço’

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou neste domingo que a saída dos brasileiros da Faixa de Gaza ocorreu com “muito êxito” e que a situação das 32 pessoas que deixaram o local está “momentaneamente resolvida”. Por outro lado, Vieira afirmou que a situação do conflito entre Israel e Hamas segue “gravíssima” e defendeu a necessidade de uma pausa humanitária.
— A situação desses brasileiros está momentaneamente, agora, resolvida. Mas que a situação do conflito é gravíssima e o presidente Lula continua muito envolvido na solução da questão. Ele tem falado constantemente com muitos chefes de Estado.
Além disso, Vieira ironizou o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, que reuniu-se nesta semana com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Questionado sobre o episódio, o ministro afirmou não conhecer o diplomata.
— Não conheço — disse, apenas.
O chanceler também afirmou que “todo o esforço” para a saída dos brasileiros foi feito pelo governo federal, e que outras informações são “desinformação”. A declaração é uma resposta a apoiadores de Bolsonaro que tentaram atribuir a ele um papel na operação.
— Todo o esforço para a libertação dos brasileiros, desde o início, foi feito pelo governo do presidente Lula, por instrução dele, acompanhamento diário — declarou. — E foi isso que resultou na conclusão exitosa desse acordo entre todos os países envolvidos. Isso é o que eu posso dizer, isso é o que existe. Além disso, acho que é desinformação.
Vieira realizou uma entrevista coletiva na sede do Palácio Itamaraty, em Brasília, para comentar a operação de resgate. Após mais de 30 dias de espera, o grupo do Brasil na Faixa de Gaza cruzou a fronteira e chegou ao Egito neste domingo. Ao todo, 32 pessoas, entre brasileiros, palestinos com residência no país e seus parentes, viajarão para o Brasil nesta segunda-feira.
Duas pessoas que estavam na lista inicial desistiram. Vieira afirmou que a desistência ocorreu por questões pessoais. Segundo o ministros, não está definido se haverá outro grupo a ser resgatado.
— (As duas) Tomaram a decisão clara e tranquila de não embarcar. Essa é a lista que nós apresentamos, a versão final no dia 20 e poucos de outubro. Outros casos que surjam, serão tratados a partir de agora. Por enquanto, o que nós temos é isso.
Na entrevista, o ministro afirmou que o governo brasileiro irá voltar a insistir no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em um acordo de suspensão do conflito.
— É sua intenção voltar a tratar neste momento da questão no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a partir dessa semana, para que possa encontrar uma forma de suspensão das hostilidades, cessação das hostilidades e a criação de uma pausa humanitária que possa levar ao alívio da população civil palestina que se encontra ainda em Gaza.
Vieira também evitou fazer críticas à demora na autorização de saída dos brasileiros e disse que houve “boa vontade” tanto do Israel quanto do Egito.
— O que eu posso dizer é que encontramos tanto do lado de Isael quanto do lado do Egito com boa vontade, tentando solucionar a questão, como finalmente aconteceu no dia de hoje — disse, acrescentando: — Nós saímos, acredito, no oitavo ou 10º dia de passagem de civis. Portanto, eu acho que foi dentro do que foi negociado, que foi acordado com os lados envolvidos.
Fonte: O Globo