Salvar a vida de pessoas e animais ainda é a principal preocupação nas cidades afetadas pelas chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul. No entanto, quando as águas baixarem e os moradores estiverem em segurança, chegará o momento de reconstruir. Nas imagens da tragédia, milhares de carros aparecem submersos em estacionamentos, nas ruas ou arrastados pela correnteza, e eles vão precisar de um destino.
Nos municípios onde o nível dos rios baixou, os carros surgem de cabeça para baixo, pendurados em cercas de casas ou escorados nas paredes de casas. Um dos desafios será o gerenciamento desses veículos destruídos e amontoados que as enchentes deixaram para trás.
O caminho para solucionar o problema pode ser traçado por meio da experiência em outras grandes catástrofes naturais. Primeiramente, os veículos devem ser removidos das áreas inundadas. Este processo exige uma logística complexa, uma coordenação com maquinário pesado e múltiplos órgãos governamentais e de emergência. Após a remoção, os veículos são levados para locais onde serão avaliados, onde deve ser realizada uma drenagem dos fluidos, para evitar a poluição do solo.
Os carros são inspecionados para determinar se podem ser recuperados ou se são considerados perda total. Os veículos irrecuperáveis, muitas vezes, são enviados para reciclagem. As peças úteis devem ser removidas, e os materiais recicláveis separados para minimizar o impacto ambiental. Componentes perigosos, como baterias e fluidos, devem ser descartados de forma segura.
Após o Furacão Katrina, em 2005, mais de 400 mil veículos foram afetados pelas águas em Nova Orleans e outras áreas da Costa do Golfo. Uma operação gigantesca foi realizada para remover os carros submersos do local, com veículos sendo tirados e encaminhados para reciclagem devido a danos irreparáveis.
No Japão, no tsunami de 2011 milhares de veículos foram arrastados pela força do mar. A tragédia destruiu cerca de 383 mil automóveis. Um ano depois, cerca de 37 mil carros ainda aguardavam reciclagem, amontoados, nas províncias de Iwate, Miyagi e Fukushima.
No Rio Grande do Sul, ainda não se tem previsão da quantidade de veículos afetados, e nem da do estrago nos veículos. A identificação dos proprietários dos carros deve ser uma prioridade quando as atividades começarem a ser retomadas nas cidades. A preocupação com o meio ambiente é central neste processo. A gestão adequada dos veículos não só limpa e protege as áreas afetadas, mas também previne problemas ambientais adicionais.
Fonte: O Globo