Lula diz que retirada de brasileiros da Faixa de Gaza dependia da ‘boa vontade’ de Israel

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que a retirada dos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza dependia da “boa vontade de Israel”. Lula afirmou que o governo brasileiro conseguiu retirar as famílias da região do conflito entre Israel e Hamas com “muito sacrifício” e que vai ver se ainda há algum brasileiro na Cisjordânia que queira ser repatriado.
— Hoje é um dia muito feliz para nós brasileiros. Conseguimos resgatar as 32 famílias que estavam na Faixa de Gaza. Eles deverão chegar hoje a noite em Brasília, tinham 34 pessoas, mas uma mãe e uma filha por assuntos pessoais não quiseram vir. Estamos trazendo o que foi possível liberar com muito sacrifício, porque dependia da boa vontade de Israel, dependia da quantidade de pessoas, que a gente nao sabia. Todo dia ligava de manhã, de tarde, com miistro de Israel, ligava com ministro do Egito, com o nosso embaixador e depois conseguimos trazer as pessoas. Agora vamos ver se ainda tem gente na Cisjordânia que queira vir porque nós não vamos deixar nenhum brasileiro lá se ele quiser voltar. Vamos ter que encontrar soluções.
Lula afirmou que a reação de Israel ao conflito foi “tão grave quanto” os ataques do Hamas. O presidente voltou a criticar a morte de civis no conflito e afirmou que primeiro deveriam salvar mulheres e crianças e depois fazer “a briga com quem quiser fazer”.
— Essa guerra, depois do ato provocado, e eu digo, um ato de terrorismo do Hamas, que provocou um ato, as consequências, a solução do estado de Israel é tão grave quanto foi a do Hamas, porque ele estão matando inocentes sem nenhum critério. Jogar bomba onde tem criança, onde tem hospital, a pretexto de que o terrorista está lá, não tem explicação. Primeiro vamos salvar crianças, mulheres aí depois faz a briga com quem quiser fazer.
Lula já chamou o ataque do Hamas de “terrorismo” em outras ocasiões e já tinha feito críticas à resposta de Israel, chamada de “insana” por ele.
No domingo, os 22 brasileiros, sete palestinos com residência no país e três parentes conseguiram deixar o enclave palestino após tentativas frustradas desde o ataque do grupo terrorista Hamas, em 7 de outubro, que deixou 1.200 mortos em território israelense. Em resposta, Israel lançou uma série de bombardeios e iniciou uma operação terrestre na Faixa de Gaza. Mais de 11 mil pessoas morreram, a maioria civis.
Os brasileiros e seus familiares receberam na sexta-feira a autorização para deixar a Faixa de Gaza, mas somente no domingo conseguiram cruzar a fronteira para o Egito.
O grupo embarcou na manhã desta segunda-feira na aeronave VC-2 (Embraer 190) da Força Aérea do Brasil (FAB) na capital do Egito, Cairo, rumo ao Brasil. A decolagem ocorreu às 6h51, segundo a FAB. A previsão é que eles pousem em Brasília na noite desta segunda-feira e sejam recebidos pelo presidente Lula na base aérea.
Na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira foi questionado sobre o motivo dos brasileiros não terem entrado nas listas anteriores de autorizados a deixarem Gaza. O ministro afirmou que Israel tem uma “palavra definitiva” e que a abertura da fronteira é feita com “autorização e participação direta de Israel.
— Passaram alguns nacionais de terceiros países, as listas com os brasileiros já estão, que eu me lembre, há duas ou três semanas com os dois lados, e Israel sim tem uma palavra definitiva com relação a quem sai, a militares de Israel em Gaza e a abertura é feita do lado de Gaza com autorização e participação direta de Israel.
Fonte: O Globo