Justiça argentina decide que Cristina seja julgada por suposto encobrimento de iranianos em atentado na década de 90

Ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, durante uma sessão do Congresso da Argentina
Ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, durante uma sessão do Congresso da Argentina — Foto: Juan Mabromata / AFP

A Suprema Corte da Argentina determinou que a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) enfrentará julgamento por suposto encobrimento dos responsáveis iranianos pelo atentado contra uma entidade judaica ocorrido há 30 anos. Contudo, também confirmou o arquivamento de outra acusação por fraude, conforme noticiado nesta quinta-feira por veículos locais.

Também foram confirmados os juízes que realizarão o julgamento: Andrés Basso, Rodrigo Giménez Uriburu e Javier Ríos, cujas impugnações o Tribunal rejeitou. Os juízes descartaram “arbitrariedade” na decisão de um tribunal superior de reabrir, em 2023, o caso encerrado em 2021, segundo o jornal Página12.

Ao reabrir o caso, os magistrados destacaram que a acusação de encobrimento não se restringia à assinatura do Memorando com o Irã — tratado promovido por Cristina e aprovado pelo Congresso em 2013 para interrogar, fora da Argentina, os acusados pelo ataque à mutual judaica Amia, em 1994, que deixou 85 mortos e mais de 300 feridos. Para o tribunal, a acusação também incluía negociações em canais paralelos aos institucionais, supostamente visando conceder impunidade aos iranianos envolvidos.

A ex-presidente foi acusada em janeiro de 2015 pelo falecido procurador Alberto Nisman, quando ela completava o último ano de seu segundo mandato. Dias antes de ser ouvido no Congresso, Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça, um caso que abalou o país.

Por outro lado, o tribunal confirmou o arquivamento de outra causa contra Cristina, relacionada à suposta venda de dólar futuro pelo Banco Central a preços abaixo dos de mercado durante seu último governo, considerando o ato como uma questão de política de Estado e não sujeita a julgamento.

Em abril, a Justiça argentina concluiu que os atentados à Amia e à embaixada de Israel, em 1992 (que deixou 29 mortos), foram ordenados pelo Irã, em uma decisão considerada “histórica” pela comunidade judaica.

Fonte: O Globo

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