Jovem iraniana é detida após protestar usando apenas roupas íntimas em Teerã

Estudante faz protesto apenas com roupas íntimas em universidade de Teerã
Estudante faz protesto apenas com roupas íntimas em universidade de Teerã — Foto: Reprodução/X

Uma estudante foi presa no Irã após protagonizar um protesto usando apenas roupas íntimas, em um ato contra o assédio de membros de uma milícia ligada à Guarda Revolucionária, afirmaram grupos de oposição nas redes sociais.

Segundo informações da agência Fars, a jovem, que não teve o nome revelado, estaria sendo assediada por integrantes da milícia Basij por usar roupas consideradas “inapropriadas” em sala de aula. Ao sofrer uma reprimenda, resolveu se despir e caminhar pelas ruas como forma de protesto.

As imagens do ato, filmadas de um prédio próximo à Universidade Azad,em Teerã, foram divulgadas inicialmente pelo site estudantil iraniano Amir Kabir, e depois compartilhado por diversos sites em persa, incluindo o site Dadban, o grupo de defesa dos direitos humanos Hengaw e o portal de notícias Iran Wire.

Outras imagens mostram a jovem sendo jogada dentro de um carro por homens vestidos à paisana. Segundo o site Amir Kabir, a estudante foi agredida durante a prisão. Não há informações sobre seu paradeiro — ao relatar o incidente, a agência Fars, que tem laços com o regime, citando “testemunhas”, disse que os agentes conversaram “calmamente” com a jovem e não agiram de maneira agressiva.

O código de vestimenta no Irã é um dos pontos de maior tensão entre a sociedade e o governo. Desde a Revolução Islâmica de 1979, o governo impõe um estrito código de vestimenta às mulheres, que consiste em cobrir todas as partes do corpo, usar vestes folgadas e, no ponto mais criticado, manter o véu sobre a cabeça em ambientes públicos.

Em 2022, a morte da jovem Mahsa Amini, presa após ser acusada de não seguir as regras de vestimenta, levou a uma das maiores ondas de protestos recentes no Irã, focados na defesa dos direitos das mulheres, incluindo o fim da obrigatoriedade do véu. Segundo organizações de direitos humanos, cerca de 550 pessoas morreram e milhares foram presas durante o movimento, que ficou conhecido por seu lema, “Mulher, Vida, Liberdade”.

(Com AFP)

Fonte: O Globo

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