Israel promete perseguir Hamas dentro ou fora de Gaza; saiba quais líderes estão fora de enclave palestino, alguns deles bilionários

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian (à esquerda), cumprimenta o chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Doha

Os líderes do Hamas são “homens condenados à morte… dentro ou fora de Gaza”, prometeu nesta quarta-feira o porta-voz interino do Exército de Israel, Jonathan Conricus. A maioria dos líderes políticos do grupo terrorista, pelo menos três deles bilionários, no entanto, não vive na Faixa de Gaza, onde os bombardeios de Israel contra os líderes do Hamas mataram mais de 10 mil pessoas em um mês, em grande parte civis e mulheres.

Uma reportagem de 2021 do Canal 13, de Israel, descreveu uma rotina de festas, casas e carros luxuosos da liderança política do Hamas, que vive baseada no Catar e se apresenta frequentemente como distante das Brigadas al-Qassam, o braço militar do Hamas em Gaza, responsável pelos ataques no território israelense, em 7 de outubro, que deixaram cerca de 1.400 mortos.

Saiba onde vivem os principais líderes do grupo terrorista, a maioria do braço político do Hamas:

Ismail Haniyeh: conhecido como “Abu Al-Abd” e autodenominado premier do Hamas, Haniyeh tem 60 anos e vive em Doha, no Catar. Ele é o chefe do gabinete político do Hamas e foi primeiro-ministro do governo palestino, entre 2006 e 2007. Já foi preso por Israel por várias vezes, e chegou a ser expulso para o Líbano.

Em 2021, uma reportagem da revista Arab Weekly publicou vídeos em redes sociais que mostravam Haniyeh jogando futebol ao lado de arranha-céus da capital do Catar, e sendo recebido com tapete vermelho por altos funcionários do país, sede da Copa do Mundo do ano passado. Recentemente, foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian, em Doha. Sua fortuna é estimada entre US$ 3 bilhões e 4 bilhões (entre R$ 15 bilhões a 20 bilhões) , segundo o jornal israelense Globes.

Moussa Abu Marzouk: membro sênior da direção do Hamas, Marzouk também vive em Doha — seu patrimônio é estimado em US$ 3 bilhões (R$ 15 bi), de acordo com o Globes. Três dias após os ataques de 7 de outubro, conversou com um repórter da revista Economist por cerca de uma hora. Esta semana deu outra entrevista, desta vez à BBC, “em um país do Golfo Pérsico”. Também viajou recentemente a Moscou para discutir a situação de oito cidadãos com dupla nacionalidade, russa e israelense, sequestrados em outubro pelo Hamas.

Khaled Mashal: Com fortuna estimada em US$ 5 bilhões (R$ 25 bi), também segundo o Globes, Mashal assumiu a presidência do gabinete político do Hamas, hoje sob o comando de Haniyeh, entre 1996 e 2017. Hoje, chefia o escritório da diáspora do grupo no Catar. No fim de outubro, fez um discurso virtual num comício pró-Palestina em Malappuram, na Índia, defendendo a unidade de Gaza.

Khalil al-Hayya: Membro do gabinete político do Hamas, Hayya também vive em Doha, no Catar, onde deu uma entrevista recente ao New York Times.

Ahmed Abdulhadi: É chefe do gabinete político do Hamas no Líbano e vive em Beirute, onde também tem dado entrevistas. Na semana passada conversou com um repórter do jornal americano Politico em seu no escritório, no campo de refugiados de Mar Elias, na capital libanesa, onde nasceu. Na entrevista, garantiu que o Hamas “coordena de perto” as próximas ações na guerra juntamente com o Hezbollah, grupo extremista xiita com sede no país.

Saleh al-Arouri: Um dos fundadores das brigadas Brigadas al-Qassam, Saleh al-Arouri, de 58 anos, está exilado no Líbano há dez. Há 15 dias, encontrou-se com o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e com o secretário-geral da Jihad Islâmica, Ziad Nakhla, em local desconhecido. Acusado por Israel e pelos EUA de financiar e supervisionar as operações militares do Hamas na Cisjordânia ocupada, onde nasceu, Arouri está na lista de terroristas dos EUA desde 2015.

Arouri esteve preso em Israel entre 1995 e 2010, e depois foi deportado para a Síria antes de se mudar para a Turquia. Seu irmão e nove dos seus sobrinhos foram presos em outubro, na aldeia de Arura, perto de Ramallah. Dias depois, tropas israelenses explodiram a casa de sua família na Cisjordânia, mas o local estava vazio.

Mohammed Deif: Líder do braço armado do grupo terrorista, Mohammed al-Masri, ou Mohammed Deif (“hóspede”, em árabe) tem 58 anos e seu paradeiro é desconhecido — ele não passa mais de uma noite no mesmo lugar e pernoita sempre em uma casa diferença para fugir do Exército israelense, daí seu apelido. É considerado “o inimigo público número um de Israel” e está na lista de terroristas internacionais dos EUA desde 2015.

Sua mulher e um de seus filhos teriam morrido em um dos muitos ataques israelenses que tinham Deif como alvo, em 2014. Após o início da guerra, forças israelenses atacaram novamente uma casa onde ele viveria, em Gaza, matando seu irmão. Mas não encontraram sinais de Deif. Mestres dos disfarces, suas últimas fotografias públicas têm cerca de 20 anos.

As Forças Armadas de Israel afirmam ter matado, até agora, pelo menos dez integrantes da cadeia de comando do Hamas na Faixa de Gaza e em Rafah, na fronteira com Egito.

O Exército israelense anunciou a morte dos comandantes Merad Abu Merad e Ali Qadi em ataques aéreos. Merad era o chefe do sistema aéreo do grupo e considerado responsável por uma parte significativa dos ataques de 7 de outubro. Já Qadi era comandante da unidade Nukhba, de elite, que liderou o ataque às cidades israelenses perto da Faixa de Gaza.

O grupo, por sua vez, confirmou a morte de Ayman Nofal, membro do conselho militar superior das Brigadas al-Qassam responsáveis pela área central de Gaza. Ele era acusado de numerosos ataques contra Israel, de supervisionar a fabricação de armas e de participar na organização e no sequestro do soldado Gilad Shalit, em 2006. O grupo também confirmou, no começo do mês, as mortes de Zakaria Abu Maamar e Jawad Abu Shammala, dois membros do seu gabinete político; e de Osama Mazini, ex-ministro da Educação do governo do Hamas.

Jamila al-Shanti, viúva do fundador do Hamas e primeira mulher eleita para o gabinete político do grupo, também foi morta no mês passado, num ataque em Jabalia, no norte de Gaza.

Fonte: O Globo