O Exército israelense realizou três ataques no subúrbio de Beirute pouco antes da meia-noite desta quarta-feira (horário local), de acordo com uma fonte próxima ao Hezbollah— na terceira série de ataques israelenses contra o reduto do movimento político-militar em menos de 24 horas. Outro ataque, na Síria, matou o genro de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto na semana passada em Beirute.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, Hassan Jaafar al-Qasir estava entre as duas vítimas libanesas do ataque israelense que teve como alvo um apartamento em um prédio residencial no distrito de Mazze, em Damasco. Al-Qasir era irmão de Jafar al-Qasir, responsável pelo transporte de armas do Irã para o Líbano, que Israel também anunciou ter matado em um bombardeio na periferia sul de Beirute.
Mais cedo, forças de Israel e do grupo xiita libanês Hezbollah travaram novos combates no sul do Líbano, um dia depois de o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometer retaliar o Irã pelo disparo de quase 200 mísseis balísticos contra o Estado judeu em um ataque que aumentou ainda mais a tensão regional. O Exército de Israel anunciou que oito soldados morreram em combate — alguns por disparos de mísseis antitanque e outros pela explosão de morteiros enquanto tentavam retirar cinco outros oficiais feridos.
Em outro sinal de aprofundamento do conflito, o Exército de Israel, que enviou tropas terrestres para o Líbano na madrugada de terça-feira (noite de segunda no Brasil), disse que conduziu mais ataques contra alvos do Hezbollah após o grupo, que é apoiado pelo Irã, ter disparado mais de 100 projéteis através da fronteira. De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, os ataques de Israel no país deixaram 55 mortos e 150 feridos nesta quarta-feira.
Paralelamente, um bombardeio israelense contra um prédio residencial em Damasco, capital da Síria, deixou três mortos, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos e a mídia estatal. O ataque ocorre um dia depois de a imprensa local informar que ataque israelenses na cidade mataram um âncora de TV e outros dois civis.
Funcionários israelenses disseram que os mísseis do Irã disparados contra Israel na terça-feira foram em sua maioria interceptados pelas defesas aéreas e com ajuda dos EUA e de outros aliados. Não houve informações sobre mortes em Israel, mas um palestino morreu após ser atingido por estilhados na Cisjordânia ocupada.
Na terça-feira, o presidente Joe Biden disse que as Forças Armadas dos EUA “apoiaram ativamente” a defesa israelense, com o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, afirmando que destróieres da Marinha se uniram a Israel para interceptar mísseis. França e Reino Unido também se juntaram nas medidas de proteção.
Netanyahu afirmou depois que a República Islâmica, um adversário de longa data do Estado judeu, “cometeu um grande erro” e que “pagaria por isso”. Ele não deu detalhes, mas em abril Israel disparou mísseis contra um anexo do consulado iraniano em Damasco, na Síria, em resposta a um ataque lançado por Teerã.
Nesta terça, o chanceler israelense, Israel Katz, declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, persona non grata, proibindo-o de entrar no país após acusá-lo de não condenar de forma vigorosa os ataques do Irã.
A Guarda Revolucionária disse que o ataque de uma hora de duração foi uma retaliação pelos assassinatos recentes dos chefes do Hezbollah e do grupo terrorista Hamas, outro de seus aliados que combatem Israel na Faixa de Gaza. Mohammad Bagheri, um importante comandante do Irã, disse que os mísseis tinham como alvo três bases militares e o quartel-general do Mossad, o serviço de inteligência externa de Israel.
Um vídeo verificado pelo jornal americano The New York Times mostrou dezenas de mísseis explodindo em diferentes partes de Israel nesta terça, incluindo um a cerca de 800 metros da sede do Mossad. O Exército israelense disse que uma base aérea sofreu “alguns golpes”, mas que a infraestrutura essencial não foi atingida.
O ataque iraniano ocorreu um dia depois do início da invasão do Líbano por Israel, que diz ter como objetivo destruir a capacidade do Hezbollah de atacar alvos israelenses.
Fonte: O Globo