Índice de transparência dos portais públicos no Brasil é de 57,92%

O índice de transparência dos portais públicos brasileiros é de 57,92%. É o que mostra levantamento realizado pela Atricon (Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil) e antecipado ao Poder360. O nível é considerado “intermediário”. A pesquisa foi feita em conjunto com o TCU (Tribunal de Contas da União) e com o TCE-MT (Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso).
O Judiciário tem o maior índice médio geral de transparência entre os Três Poderes, com 78,75%. É seguido pelo Executivo, com 59,49% e depois figura o Legislativo, com 55,37%. Já os Tribunais de Contas e o MP (Ministério Público) têm altos índices de transparência, com 90,42% e 85,68% respectivamente.
Os órgãos e entes do poder são avaliados com critérios específicos, que levam em consideração seu fim e variam em quantidade.
Na avaliação do conselheiro do TCE-RS (Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul) e presidente da Atricon, Cezar Miola, o alto índice de transparência nos portais dos Tribunais de Contas pode ser explicado porque os órgãos de fiscalização precisam “dar o exemplo”.
“Um elemento natural nesse processo foi a compreensão nossa, dos órgãos de controle, que temos a responsabilidade grande de verificar a efetividade da lei, de sermos órgãos de controle de fiscalização. E para ter legitimidade nesse sentido nós precisamos dar o exemplo”, afirmou ao Poder360.
Elisa Cecin, integrante do grupo de trabalho da Transparência da entidade, afirmou que essa lógica também se estende ao Judiciário e ao Ministério Público “que são instituições que exercem o controle externo e também a eles é aplicado outras pesquisas de transparência”.
“A gama de de atuação do Executivo é muito maior em relação aos outros poderes e órgãos, então, isso acaba dificultando um pouco. É claro que eles também têm uma equipe mais reforçada, mais informação, mas, por outro lado, a nossa pesquisa, de certa forma, exigiu bastante deles”, disse.
A Atricon analisou a transparência ativa (quando os dados são disponibilizados de forma espontânea) de 8.045 portais dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, dos Tribunais de Contas, Ministérios Públicos e Defensorias Públicas, das 3 esferas de governo: União, Estados, municípios e do Distrito Federal, além de incluir estatais dependentes e independentes.
A análise considera de 202 a 258 itens de avaliação dos portais públicos e varia de acordo com a natureza da instituição. O Executivo é o ente com a maior matriz de avaliação. A metodologia adotada está prevista em cartilha publicada em julho de 2023. Leia a íntegra do documento (PDF – 7 MB).
De acordo com o índice de transparência alcançado, os sites públicos foram classificados como “diamante”, “ouro”, “prata”, “elevado”, “intermediário”, “básico”, “inicial” ou “inexistente“. Leia nesta reportagem mais sobre a metodologia.
O estudo teve seus critérios de avaliação redesenhados neste ano. Foram ampliados os itens de análise estabelecidos de acordo com a atividade fim de cada instituição e adicionados temas como o atendimento a regras da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), do Código Tributário Nacional quanto a renúncias fiscais, da Nova Lei de Licitações, dentre outros.
De acordo com o levantamento, Pará (80,41%) e Rondônia (79,87%) se mantiveram no topo do ranking como os 2 Estados brasileiros com os maiores índices de transparência pública em seus portais públicos. Outras 3 UFs (unidades federativas) tem um patamar superior a 70%. São elas:
Na outra ponta, Bahia (33,79%), Amapá (34,90%) e Roraima (39,50%) foram os mais mal avaliados –todos com índices de transparência inferiores a 40%.
Em 2022, o Espírito Santo figurava em 3º lugar, com 80,12%. Atualmente, figura a 9ª posição, com índice de transparência em sites em 64,3%. À época, Maranhão, Amazonas e Sergipe tinham os piores índices. Hoje, ocupam o 11º, 23º e 10º lugar respectivamente.
Ao analisar os dados a nível municipal e estadual, o presidente da Atricon falou sobre as dificuldades mapeadas pela pesquisa. Mencionou a falta a transparência em municípios de até 10.000 habitantes, que não precisam atender às determinadas obrigatoriedades de transparência ativa da Lei de Acesso à Informação, como a implementação de Portal da Transparência.
“Quando a gente vai verificar os dados e encontra a média da transparência, quem ficou abaixo da média no Brasil foram os municípios menores, sobretudo aqueles com menos de 10.000 habitantes”, afirmou.
O nível de transparência nos sites do MPF (Ministério Público Federal) e e da Presidência da República foram classificados pela Atricon como “ouro” e “elevado”, respectivamente. Têm 88,3% e 75,1% de índice de transparência.
Já Câmara dos Deputados (72%), DPU (Defensoria Pública da União) (70,2%), STF (Supremo Tribunal Federal) (67,1%) e Senado Federal (66,1%) foram categorizados só como “intermediários”, segundo a pesquisa da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil.
Já entre as estatais brasileiras analisadas pelo levantamento, os portais públicos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) são considerados os mais transparentes, alcançando a classificação “diamante” –a mais alta. O banco de fomento federal tem índice de 96,81%.
É seguido pelo Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) (95,3%) e pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) (91,54). Os 3 são os únicos com mais de 90%. Eis abaixo o índice geral e o nível de transparência de outras empresas públicas do país:
A ENBPar (Energia Nuclear e Binacional), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, é a única estatal do país com transparência em portais públicos classificada como “inexistente”, ou seja, 0%. Eletronuclear –subsídiria da ENBPar– e Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados) são as outras duas com os piores índíces: 48,70% e 34,13%.
if(“undefined”==typeof window.datawrapper)window.datawrapper={};window.datawrapper[“bkJd1”]={},window.datawrapper[“bkJd1”].embedDeltas={“100″:2163,”200″:1986,”300″:1901,”400″:1901,”500″:1884,”600″:1858,”700″:1858,”800″:1858,”900″:1842,”1000”:1842},window.datawrapper[“bkJd1”].iframe=document.getElementById(“datawrapper-chart-bkJd1”),window.datawrapper[“bkJd1”].iframe.style.height=window.datawrapper[“bkJd1”].embedDeltas[Math.min(1e3,Math.max(100*Math.floor(window.datawrapper[“bkJd1″].iframe.offsetWidth/100),100))]+”px”,window.addEventListener(“message”,function(a){if(“undefined”!=typeof a.data[“datawrapper-height”])for(var b in a.data[“datawrapper-height”])if(“bkJd1″==b)window.datawrapper[“bkJd1”].iframe.style.height=a.data[“datawrapper-height”][b]+”px”});
Segundo a entidade de integrantes dos Tribunais de Contas brasileiros, foi registrada uma “modesta” melhoria no nível de transparência dos sites públicos no comparativo com 2022 –quando a pesquisa foi realizada pela 1ª vez, com uma menor gama de critérios analisados no comparativo com a atual edição.
Em portais públicos federais e estaduais, por exemplo, o avanço foi inferior a 1%, com só 0,6% e 0,5% respectivamente.
No último ano, a transparência em portais públicos brasileiros era de 67,56% –também considerada “intermediária”. À época, o levantamento mostrou que a esfera distrital (77,51%) e a estadual (76,8%) tinham os maiores índices de transparência em seus sites. Os dados constam no Radar da Transparência Pública.
De acordo com a Atricon, o maior avanço (de 47,4%) foi observado na transparência de sites do Executivo federal. O Legislativo do DF teve melhora de 9,1%, enquanto as Defensorias Públicas do país registraram avanço de 8,7%. Eis abaixo o percentual de melhora:
“Como de um ano para outra pesquisa ficou muito mais difícil –foram incluídos muito temas, a forma de avaliar foi diferente– aqueles que melhoraram, que tiveram um índice maior de transparência, em relação ao ano passado podemos afirmar, sim, que o portal está realmente melhor […] Quanto aqueles que estão estagnados ou que tiveram até uma piora é necessário fazer uma análise mais detida para ver o que aconteceu”, disse Elisa Cecin.
A integrante do Grupo de Trabalho da Transparência da Atricon também elencou os temas em que os atendimentos melhoraram ou pioraram no comparativo com o levantamento anterior:
“As novidades acabaram ficando com nível de atendimento um pouco mais lá para baixo e os critérios que a gente teve no ano passado já estão mais consolidados, tiveram um nível de atendimento um pouco melhor nesse ano”, disse Cecin.
Fonte: Poder360