INCA estima 4,3 mil novos casos de câncer de próstata

Doença terá novo tratamento a partir da radioterapia. Médicos tiveram sucesso com a diminuição da quantidade de sessões

 

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que o estado do Rio Grande do Norte deve ter cerca de 4,3 mil novos casos de câncer de próstata no triênio 2023-2025. O câncer de próstata ocupa a primeira posição no país em todas as regiões brasileiras, com um risco estimado de 72,35 novos casos da doença por  100 mil habitantes na região Nordeste, a maior taxa do Brasil, sem considerar os tumores de pele não melanoma. Além disso, o instituto estima 1,5 novos casos no  RN em 2022.

O número de pacientes atendidos pelo Hospital da Liga Contra o Câncer, em Natal, também apresentou um aumento de cerca de 22%, de 2020 até outubro de 2022, de acordo com o Registro de Câncer do hospital.  Segundo o INCA, a obesidade está entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de 11 dos 19 tipos de câncer mais frequentes na população brasileira. Comportamentos não saudáveis como fumar, consumir bebidas alcoólicas, sedentarismo e manter dieta pobre em vegetais também aumentam o risco de 10 tipos da doença.

Frente ao aumento de pacientes, a Liga tem incentivado ações de prevenção, especialmente no último Novembro Azul, mês nacional no combate ao câncer de próstata. De acordo com assessoria do local, uma das ações foi um mutirão de atendimentos urológicos. Um deles aconteceu no Centro Avançado de Oncologia (Cecan) dia 12 deste mês. A ação beneficiou  cerca de 140 pacientes previamente triados, em posse dos seus exames de PSA (Antígeno Prostático Específico), um exame utilizado para diagnosticar câncer de próstata.

O mutirão contou com a participação de nove médicos, além da colaboração de parte da equipe Liga, entre profissionais de atendimento e enfermeiros. “No mais, o trabalho da Liga para o diagnóstico precoce do câncer de próstata, assim como todos os outros tipos da doença, ocorre ininterruptamente durante o ano inteiro”, afirma assessoria.

Novo tratamento

Uma nova forma de tratamento está sendo implementada em pacientes com câncer de próstata. A proposta surgiu na fase de maior transmissão da pandemia de covid-19 para que os pacientes não ficassem sem tratamento, mas diminuíssem as chances de contaminação da doença. Trata-se da redução no número de sessões de radioterapia para o tratamento.

A princípio, o número de sessões foi reduzido de 39 para 20 aplicações. Com o sucesso do tratamento, a experiência passou a ser utilizada após a pandemia. O tratamento ainda não abrange pacientes com quadros mais complicados de câncer, ou com características específicas da doença.  De acordo com especialistas, quando o paciente não tem risco de complicações, o tempo de radioterapia pode ser mais curto, em sessões com maior intensidade de radiação.

A radioterapia é uma parte do tratamento e combate a diversos tipos de neoplasias, tanto malignas, quanto benignas. De acordo com o INCA, a maioria dos pacientes com câncer é tratada com radiações e o resultado costuma ser positivo. É possível até que o tumor desapareça ou que a doença fique controlada. Nos casos em que não se obtém cura, a radioterapia pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida.

Prevenção e identificação

O risco de câncer de próstata aumenta com o avançar da idade e torna-se mais frequente em homens acima dos 50 anos. No Brasil, a cada 10 homens diagnosticados, nove tem mais de 55 anos. De acordo com o INCA, estudos mostram maior risco da doença em homens acima do peso, além disso, a genética também é um fator que aumenta incidência.

Para prevenir, é preciso adotar práticas saudáveis, que diminui, inclusive, o risco de diversas outras doenças. Ter uma alimentação saudável, praticar atividade física, não fumar, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e manter o peso corporal adequado são práticas que podem diminuir o número de casos.

Para identificar os sintomas, é preciso estar atento pois esse tipo de câncer costuma não apresentar sinais. Quando apresentam, os mais comuns são: dificuldade de urinar, sangue na urina, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou a noite, entre outros. Além disso, é preciso realizar os exames de toque retal e PSA para confirmar ou descartar o diagnóstico.

Brasil terá 704 mil novos casos de câncer

O Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer por ano de 2023 a 2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência. A estimativa foi divulgada hoje (23) pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).

A publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil mostra que o tumor maligno mais incidente é o de pele não melanoma, com 31,3% do total de casos, seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

Segundo a pesquisadora do Inca Marceli Santos, os casos no Brasil estão ficando semelhantes, de uma forma geral, com os tipos de câncer que acometem os países mais urbanizados: mama, cólon e reto e pulmão.

Nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente (66,54%), depois do de pele não melanoma, com 74 mil novos casos previstos por ano até 2025. Nas regiões mais desenvolvidas do país, em seguida vem o câncer colorretal, mas, nas de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o tumor do colo do útero ocupa esta posição.

Nos homens, o câncer de próstata é predominante em todas as regiões, com incidência de 67,86%, totalizando 72 mil casos novos estimados a cada ano até 2025, atrás do câncer de pele não melanoma. Nas regiões de maior IDH, os tumores malignos de cólon e reto ocupam a segunda e terceira posição, e, nas menos desenvolvidas, o câncer de estômago é o segundo ou terceiro mais frequente.

Ao todo, foram estimadas as ocorrências para 21 tipo de câncer mais incidentes no país, dois a mais que na publicação anterior, com a inclusão dos tumores de pâncreas e fígado.

De acordo com a pesquisadora da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Inca Marianna Cancela, a equipe decidiu incluir esses cânceres por serem um problema de saúde pública em regiões brasileiras e também com base em estimativas mundiais.

“O câncer de fígado aparece entre os dez mais incidentes na Região Norte, estando relacionado a infecções hepáticas e doenças hepáticas crônicas. O câncer de pâncreas aparece entre os dez mais incidentes na Região Sul, sendo seus principais fatores de risco a obesidade e o tabagismo”, disse Marianna.

 

 

Tribuna do Norte

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