Hanseníase: especialista reforça importância do tratamento precoce para interromper a transmissão

Transmitida por meio de secreções nasais, tosses e espirros de pessoas contaminadas, a Hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pela bactéria Bacilo de Hansen, que já enfrenta a resistência natural da maior parte da população. Apenas no Rio Grande do Norte, no período de 2013 a 2022, foram diagnosticados 2.246 casos novos da doença, o que corresponde a uma média de 224 casos novos/ano. Em 2022, foram registrados 156 casos novos no Estado, sendo 51 na região de Mossoró e 43 na Região Metropolitana.

Embora, a transmissibilidade seja uma característica da doença, o dermatologista Diogo Pazzini explica que o tratamento interrompe a transmissão da bactéria e previne maiores sequelas nos indivíduos atingidos.

“O tratamento precoce é de fundamental importância porque a hanseníase, em sua fase inicial, afeta a pele e os nervos, causando lesões, e a demora no tratamento pode levar a sequelas incapacitantes, como perda da sensibilidade, alterações motoras e deformidades, que já é a fase mais grave da doença, onde o paciente possui comprometimento neurológico”, alerta o especialista.

O tratamento, continua Diogo Pazzini, é feito por meio de comprimidos em um período que varia entre seis meses a um ano, e que é disponibilizado pela rede pública. “A boa notícia é que, logo após a primeira dose do medicamento, o paciente não transmite mais a doença, portanto, ele não precisa mais ficar isolado como acontecia antigamente. Ao longo da história, vencemos o preconceito em torno da hanseníase. Muitas pessoas ficavam doentes e se isolavam em locais afastados da sociedade, e hoje vemos que isso já não faz o menor sentido”.

Cenário de casos e campanha 

Apenas no Rio Grande do Norte, no período de 2013 a 2022, foram diagnosticados 2.246 casos novos de hanseníase, o que corresponde a uma média de 224 casos novos/ano. Em 2022, foram registrados 156 casos novos no estado, sendo 51 na Região de Mossoró e 43 na Região Metropolitana.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020 foram relatados 127.396 novos casos da hanseníase no mundo. Desse total, 19.195 (15,1%) ocorreram na região das Américas e 17.979 foram notificados somente no Brasil, ou seja, 93,6%, o que significa que o País detém a maioria dos casos nesse território, e é o segundo colocado em casos da doença no mundo, atrás somente da Índia.

Frente ao cenário de casos, a Campanha do Janeiro Roxo surge para chamar atenção à importância do diagnóstico e tratamento precoce.  De acordo com Diogo Pazzini, os principais sintomas que devem alerta para a hanseníase são manchas na pele, esbranquiçadas ou avermelhadas, com uma perda de sensibilidade, e o formigamento nos membros.

O dermatologista reforça, ainda, o papel da informação não só no combate à doença, mas aos estigmas em torno dela. “Por se tratar de uma doença milenar, por muitos anos denominada como lepra, e que doentes eram afastados do convívio social e isolados em instituições, gerou conceitos arraigados na sociedade. Esse contexto se dava pelo fato da inexistência de medicamentos eficazes que pudessem evitar a transmissão, o que hoje em dia já não faz parte da nossa realidade, porém, o preconceito ainda persiste”, finaliza.

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