Foragido, empresário é suspeito de envolvimento com grupo de extermínio e sonegar R$ 320 milhões

Representantes do Ministério Público, Secretaria de Tributação, Polícia Civil e Militar deram mais detalhes sobre a operação Logro, deflagrada na manhã desta segunda-feira (5), em Natal, São Gonçalo do Amarante, Ielmo Marinho, Montanhas e Nova Cruz. De acordo com os dados expostos, o principal alvo da operação é o empresário Eronides Cândido de Oliveira, que está foragido. As investigações apontam para supostas fraudes para conseguir a sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. O prejuízo pode chegar a R$ 320 milhões.
 
O empresário atua no ramo atacadista e responde por possível envolvimento em outros crimes, incluindo participação em grupo de extermínio e tentativa de homicídio qualificada, onde ele é acusado de ser mandante. Não há, porém, condenação sobre esses possíveis delitos, que são de 2010. 
 
No caso da operação desta segunda, o empresário abria empresas de fachada para simular aquisições de mercadorias e sonegar impostos há mais de 20 anos. A investigação, que levou aproximadamente um ano e meio, apurou que, com base em dados repassados pela Secretaria Estadual de Tributação, o esquema criminoso de sonegação fiscal supostamente arquitetado pelo empresário consistia na criação de empresas de fachada em nome de “laranjas” para simular aquisições de mercadorias e, em seguida, sonegar o ICMS. foram 13 CNPJs vinculados a “laranjas”, que eram amigos, familiares e até pessoas que sequer sabiam que estavam com seus nomes ligados a empresas.
 
No esquema, o empresário abria a empresa e lançava as tributações devidas. Quando o valor estava alto, ele simplesmente descartava e fechava o CNPJ. Esse esquema, de acordo com a investigação, já causou um prejuízo comprovado de R$ 182.618.183,26 aos cofres públicos. Porém, o valor é maior.
 
“São R$ 182 milhões já na dívida ativa e em final de procedimento de cobrança, e outro valor em curso que pode chegar a R$ 320 milhões”, explicou o promotor Augusto Lima.
 
O dinheiro, de acordo com a investigação, era utilizado para a aquisição de bens que eram utilizados pelo empresário, como imóveis e carros. Além disso, seus empreendimentos conseguiam bater os preços de concorrentes porque havia a sonegação fiscal.
 
“Continuamos em diligências para tentar encontrar o suspeito e cumprir o mandado de prisão”, explicou o promotor.
 
Em agosto de 2010, Eronides Cândido foi preso com o que a Polícia Civil definiu como “arsenal de armas e munições”, em São Gonçalo do Amarante. Ao todo, foram apreendidos uma espingarda calibre 12 de cano duplo, um rifle calibre 22, 18 munições de espingarda 44, 40 munições de espingarda calibre 45 (uso restrito das Forças Armadas), cinco de revólveres calibre 32, outras 36 de revólver calibre 38, 160 de pistola 9mm (uso restrito das Forças Armadas),  23 de revólver Winclester calibre 10, cartuchos calibre 38 e 38 munições de espingarda calibre 12.
 
Ele também era suspeito, à época, de ser o mandante intelectual de uma tentativa de homicídio que ocorreu no dia 13 de maio de 2010 em São Paulo do Potengi, onde a vítima foi um homem identificado pela polícia como Valdenilson Cabral Cardoso, o “Nilsinho”. De acordo com informações da polícia, a vítima teria participado em 2005 de um assalto no comércio de Eronides, onde foi roubado R$ 130 mil. Durante a ação, o segurança do estabelecimento comercial foi assassinado, por motivo fútil – a vítima não teria reagido a ação dos criminosos.        
 
De acordo a Polícia Civil e o processo que transcorre na Justiça, na Comarca de São Paulo do Potengi. Há suspeitas de que pelo menos dois bandidos envolvidos no assalto à loja do empresário tenham sido mortos após terem saído da prisão, cinco anos depois. Nilsinho sobreviveu.
 
As investigações apontaram para Eronides como sendo o mandante dos crimes e que ele teria contratado um grupo de extermínio para executar os assaltantes. O processo, porém, segue transcorrendo na Justiça. Na decisão mais recente, a desembargadora Maria de Lurdes Azevêdo acatou pedido para que o júri do empresário e de outro acusado ocorresse em Natal e não em São Paulo do Potengi, para evitar que jurados locais fossem pressionados por supostamente temerem os réus. Não há data para a realização do júri.
 
Da Tribuna do Norte

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