Fapesp anuncia 21 novos centros de pesquisa para desenvolvimento

Os novos centros terão a missão de buscar soluções para desafios previamente definidos pelas secretarias estaduais nas áreas de saúde. Na foto, um exoesqueleto robótico desenvolvido na Escola de Engenharia de São Carlos da USP

A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) anunciou a constituição de 21 novos CCDs (Centros de Ciência para o Desenvolvimento) em parceria com universidades, instituições de pesquisa, secretarias de Estado e outros órgãos de governos. O investimento da fundação será de aproximadamente R$ 130 milhões.

Assim como os demais 25 CCDs já em operação, os novos centros terão a missão de buscar soluções para desafios previamente definidos pelas secretarias estaduais nas áreas de saúde, energia, agricultura, manufatura avançada, cidades inteligentes, segurança pública e meio ambiente.

O CID-SP (Centro de Inteligência de Dados em Saúde Pública), por exemplo, buscará agilizar o atendimento da Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo) que recebe, diariamente, milhares de solicitações de consultas, exames e transferências de pacientes com casos mais graves para hospitais de alta complexidade. O processo de decisão de prioridade no atendimento hoje é realizado em várias etapas, envolvendo telefonemas, envio de e-mails e relatórios.

O CID-SP terá sede no Hospital das Clínicas de São Paulo, tendo como parceira a Secretaria Estadual de Saúde. Pesquisadores e especialistas das duas instituições utilizarão ferramentas de inteligência artificial, para otimizar esse sistema de atendimento, de modo a gerar informações relevantes, prioritárias e preditivas, para auxiliar na tomada de decisão dos gestores.

“Nosso objetivo é desenvolver instrumentos de inteligência que permitirão regulamentar esta central de forma a identificar as prioridades de transferência e a atualizar os recursos, ou seja, escolher o hospital mais próximo que tem o recurso solicitado, além de priorizar por gravidade e, ao mesmo tempo, possibilitar a capacidade de predição. Pretendemos, com inteligência artificial, moldar o sistema de regulação de urgências e emergências do Estado de São Paulo”, afirma Ludhmila Hajjar, professora titular da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e pesquisadora responsável pelo projeto, que será feito em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde.

Dos novos centros selecionados neste edital, 3 terão como instituição pública parceira a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, e serão voltados à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias assistivas e acessibilidade.

O Centro de Tecnologias Assistivas para as Atividades da Vida Diária, sediado na Escola Politécnica da USP, por exemplo, irá desenvolver, em parceria com pesquisadores de Unicamp (Universidade de Campinas), Unesp (Universidade Estadual Paulista), UFABC (Universidade Federal do ABC) e IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), tecnologias avançadas, como exoesqueletos e cadeiras de rodas motorizadas.

Já o Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade em Libras, em parceria com a Faculdade de Engenharia e Computação da Unicamp, utilizará inteligência artificial para a quebra de barreiras de comunicação. O CMDTA (Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistida), por sua vez, terá parceria com o campus de Bauru da Unesp para criar tecnologias para sistema braile e novas próteses e órteses.

“Sempre busquei parceria com as universidades para rever uma situação que acontece em todo o país: o difícil acesso à tecnologia assistida por conta de seu alto custo. A grande maioria vem da Europa e dos Estados Unidos, o que encarece muito o produto e dificulta o acesso. Pessoalmente, uso uma prótese americana, já que amputei uma perna abaixo do joelho em decorrência de um acidente. Há 10 anos, o custo foi de R$ 35.000. Temos que desenvolver tecnologia brasileira para reduzir custo”, avalia Marcos da Costa, secretário estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência de São Paulo. Segundo ele, seu objetivo é transformar São Paulo em um hub de tecnologia assistida na América Latina.

O Centro de Ciência para o Desenvolvimento USP Cidades – Centro para o Desenvolvimento Sustentável das Cidades Paulistas, com sede na Poli-USP, realizará estudos relacionados ao desenvolvimento sustentável das cidades. Um dos temas explorados pelos pesquisadores da instituição, em parceria com pesquisadores das faculdades de Arquitetura e Urbanismo e de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP, é o espraiamento urbano. Os estudos serão desenvolvidos em parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação de São Paulo.

“As cidades crescem, expandindo sua área urbanizada e, do ponto de vista da sustentabilidade isso é ruim, porque, em princípio, causa uma série de consequências negativas, como o aumento das distâncias entre os centros de emprego e os lugares onde as pessoas moram. Além disso, envolve questões ambientais, como a expansão das cidades em áreas que poderiam ser preservadas, e a ineficiência urbana, porque as cidades ficam mais espalhadas e não se cria uma boa dinâmica urbana”, afirma Miguel Luiz Bucalem, professor titular da Poli-USP e pesquisador responsável pelo projeto.

Os pesquisadores pretendem caracterizar o espraiamento nas cidades paulistas, melhorar o entendimento do fenômeno e desenvolver modelos matemáticos e computacionais para simular e propor cenários alternativos.

“Vamos projetar o que aconteceria em cenários futuros de espraiamento para cidades paulistas e elaborar modelos matemáticos para simular cenários alternativos, baseados em políticas públicas. Também vamos olhar junto com a Secretaria da Habitação a efetividade dos instrumentos de política urbana que são pensados para buscar uma cidade mais densa, mais compacta”, explica Bucalem.

Já estão implantados 25 CCDs, selecionados nas duas primeiras chamadas da Fapesp, em 2019 e 2021. Todos operam em modelo de cofinanciamento: para cada R$ 1 solicitado à Fapesp, uma contrapartida idêntica é aportada pelas entidades parceiras. O financiamento é de longo prazo, por até 5 anos, e os projetos apresentados devem ter governança clara, mecanismos de revisão ao longo do prazo de execução e metas intermediárias. Os resultados devem promover o avanço no conhecimento e proporcionar a melhoria das políticas públicas.

O objetivo da Fapesp com o lançamento desses 3 editais é identificar, mensurar e detalhar grandes desafios públicos do Estado de São Paulo e, a partir deles, reunir e organizar diversos atores institucionais em busca de soluções adequadas para resolver ou diminuir esses gargalos.

Assim, o programa recebe propostas submetidas por consórcios formados por pesquisadores vinculados a universidades e instituições de pesquisa paulistas, gestores de órgãos do governo estadual e de municípios, além de empresas e organizações governamentais.

Na 1ª chamada foram selecionados 12 centros, orientados para a solução de problemas nas áreas de saúde, segurança pública, alimentação e agricultura e desenvolvimento econômico, entre outras.

Na 2ª chamada, foram aprovados 15 CCDs, com pesquisas nas áreas de desenvolvimento de biofármacos, inovação em políticas públicas urbanas, inovação tecnológica para emergências em saúde, soluções para resíduos, segurança hídrica, doenças humanas e animais, emissões de gases de efeito estufa e aprimoramento de vacinas, entre outros.

Em 2023, a Fapesp lançou a 3ª chamada, na qual foram selecionados os 21 novos CCDs listados abaixo:

Com informações da Agência Fapesp.

Fonte: Poder360

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