O porta-voz do Ministério de Relações do Catar, Majid Al-Ansari, disse à rede de TV CNN que Doha aguarda a decisão de Israel sobre a proposta de acordo que permitiria um cessar-fogo temporário em Gaza e a troca de reféns mantidos pelo grupo terrorista Hamas por presos palestinos. O governo israelense realiza uma votação nesta terça-feira para chegar a uma decisão.
Mais cedo, havia informações de que um acordo estava muito “perto”, segundo o Catar e os Estados Unidos, mediadores-chave juntamente com o Egito. Tanto o Hamas quanto Israel também informaram sobre o avanço para libertar parte dos cerca de 240 reféns sequestrados pelo grupo islâmico em seu ataque mortal de 7 de outubro em território israelense, que deixou 1,2 mil mortos.
— Agora estamos muito, muito perto — disse o presidente americano, Joe Biden. — Muito em breve poderemos estar devolvendo alguns reféns a suas casas. Mas não quero entrar em detalhes porque nada está feito até que esteja feito.
— Estamos avançando (…) Espero que tenhamos boas notícias em breve — disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que condicionou qualquer cessar-fogo à libertação dos reféns.
Segundo fontes do Hamas e da Jihad Islâmica, outro grupo armado palestino, os dois movimentos aceitaram um acordo cujos detalhes devem ser anunciados pelo Catar e outros mediadores.
— Estamos perto de alcançar um acordo sobre uma trégua — disse o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em mensagem publicada no Telegram.
Duas fontes próximas das negociações explicaram que o projeto de acordo se baseia na libertação de “50” reféns em troca da soltura de 150 presos palestinos em Israel, entre eles mulheres e crianças.
A troca também incluiria a entrada de comida, assistência médica e combustível em Gaza, bem como uma “trégua humanitária de cinco dias”.
A ONU, que há semanas pede um cessar-fogo com motivos humanitários em Gaza, estima que a guerra tenha forçado o deslocamento de quase 1,7 milhão dos 2,2 milhões de habitantes do território, também submetido desde 9 de outubro a um “cerco total” por parte de Israel, que bloqueia o fornecimento de comida, água, eletricidade e medicamentos.
Uma verdadeira “tragédia” sanitária se avizinha no enclave, advertiu o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
— Temos uma grave escassez de água. As fezes cobrem áreas densamente povoadas. Há uma escassez inaceitável de latrinas — denunciou a instituição.
Fonte: O Globo