Fortes ondas foram registradas no início desta semana na área de enchente do Guaíba, no Rio Grande do Sul e dificultaram os trabalhos de resgate. O fenômeno foi provocado pelos fortes ventos costeiros que atingiram o litoral gaúcho.
— Ondas no Guaíba são ocasionadas pelo vento. Na Zona Sul de Porto Alegre não temos o sistema de proteção por diques. Então lá, os efeitos da sobrelevação causado por ondas se fazem sentir. A água invade terrenos e pistas que não estavam ocupados pela água em razão da sobrelevação causada pelo vento — disse Gino Roberto Gehling, doutor em Engenharia Ambiental, do Instituto de Pesquisas Hídricas
A ação do vento sobre espelhos de água, como lagos e reservatórios, pode levar à formação de ondas por meio do efeito de Fetch. No caso do litoral gaúcho, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) havia lançado um alerta amarelo, de “Perigo Potencial”, para os efeitos da intensificação dos ventos na região, com validade entre segunda-feira e terça-feira.
Os fortes ventos, por sua vez, são resultados de um anticiclone sobre o Oceano Atlântico. Esse fenômeno é uma área de alta pressão atmosférica com um centro de alta pressão e circulação de ar divergente. Trata-se de sistema de ventos que gira em sentido anti-horário no Hemisfério Sul.
— O que está condicionando é justamente a entrada desse anticiclone que está promovendo esse vento de Sul. Esse vento aumenta os níveis do Guaíba — explicou a meteorologista Andrea Ramos, do Inmet.
Nesta terça-feira, o Guaíba voltou a registrar 5,18 metros, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). A cota de alerta é de 2,5 metros e a de inundação, 3 metros.
O nível do Guaíba pode chegar a 5,60 metros nos próximos dias, de acordo com estimativa feita pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul. Caso a projeção se confirme, as águas do lago vão superar em 25 centímetros o recorde histórico registrado no local.
Fonte: O Globo