Enem: ‘Temas em evidência não costumam aparecer na prova’, diz professora especialista em redação

Detalhe de apostila e caderno de estudos de estudante do Enem
Detalhe de apostila e caderno de estudos de estudante do Enem — Foto: Léo Martins/Agência O Globo

Professora de redação em Mato Grosso há cerca de três décadas, a educadora Raquel Siufi já acertou 13 vezes consecutivas os temas do texto dissertativo-argumentativo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em entrevista ao Globo, a profissional compartilha dicas para os dias pré-prova, palpites para a edição de 2024 e alerta quais comportamentos podem prejudicar os estudantes.

O primeiro dia de aplicação do exame será neste domingo (3), com 90 questões de linguagens e ciências humanas (40 de língua portuguesa e 5 de inglês ou espanhol) e a temida dissertação. Em todo o Brasil, os portões fecham às 13h, porém a orientação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é que os candidatos cheguem aos locais de prova às 12h.

Raquel lembra aos alunos que o Enem exige um modelo de texto dissertativo-argumentativo, em que há cinco competências: 1) domínio da escrita formal da Língua Portuguesa; 2) compreender o tema e não fugir da proposta da redação; 3) organização das ideias; 4) coesão e coerência; e 5) proposta de intervenção. Cada uma vale 200 pontos, que juntos somam a cobiçada nota 1.000. A professora recomenda que os alunos se atentem ao último critério, que “exige a elaboração de soluções que resolvam ou minimizem os efeitos do problema”. Ela direciona os treineiros para um estudo pouco lembrado: o conhecimento das entidades e órgãos responsáveis pelo cumprimento da proposta de intervenção.

Por outro lado, a educadora considera que os principais erros dos alunos durante o desenvolvimento das redações são de origem estrutural. A profissional reconhece ser “um pouco complexo” estruturar o texto de modo correto, ter coesão e elementos conectivos entre os parágrafos, que mostrem uma progressão argumentativa até o que descreve como “um final satisfatório”.

Ela ressalta tópicos de relevância e desdobramentos ainda não abordados pelo exame:

– Os temas que mais estão em evidência não costumam aparecer nos dias da prova – pondera a educadora, mas compartilha seus palpites. – Podemos pensar em temáticas como “a importância da diversidade cultural”; “a preservação dos patrimônios históricos” e “a importância do turismo”. Um tema ligado à educação que tem aparecido: “a evasão escolar”. Além daqueles ligados à saúde, como: “o setembro amarelo” e “doenças raras”.

Para se dar bem na redação, “os repertórios são riquíssimos”. A professora descreve que eles podem vir de inúmeras frentes, como livros de história (e, até mesmo, de biologia, já que o candidato deve mostrar à banca que tem conhecimentos gerais), filmes e documentários. Outra dica é citar autores consagrados e, sobretudo, filósofos nacionais, aconselha a professora.

A professora Raquel Siufi assegura ser “impossível que a redação traga algo que os alunos não tenham visto” e alerta que o nervosismo faz com que os estudantes deixem de se atentar a elementos fundamentais, como a preparação prévia e a capacidade de se adequar à escrita de quaisquer temas.

– Eles podem não estar tão preparados em relação a outros temas, mas é impossível se deparar com um tema que nunca tenham ouvido falar. Porque são temas recorrentes no cenário atual – atesta a profissional, que completa 30 anos de experiência na área em 2024.

Uma estratégia para lidar com uma temática não dominada é a análise bem-feita do painel de leitura, explica. A educadora orienta os candidatos sobre como proceder em uma situação do tipo:

– No dia, a dica principal é: abrir o caderno de prova, ler o tema e transformá-lo em uma pergunta. Poderá ajudar o aluno a entender o direcionamento que a banca está esperando dele.

Fonte: O Globo

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