Educação do RN tem desafio de diminuir evasão escolar e ampliar ensino integral

O Rio Grande do Norte começa o ano com uma nova gestão na Educação. A governadora Fátima Bezerra (PT) nomeou Socorro Batista para assumir a Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC-RN). Os desafios da nova pasta passam pela recuperação do ensino após os atrasos gerados durante a pandemia, além do enfrentamento a problemas mais antigos. Ao AGORA RN, Socorro falou sobre as principais metas para 2023.

Em 2021, o RN teve a pior nota do País no Ensino Médio público da rede estadual, segundo dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), com 2,8 como média. O desempenho terminou abaixo das médias brasileira e do Nordeste para o mesmo recorte, que ficaram em 3,9 e 3,8, respectivamente.

O Ideb é um índice que vai de 0 a 10 e tem o objetivo de avaliar o desempenho e estipular metas para a educação. A nota é divulgada a cada dois anos e calculada com base nos índices de aprovação/reprovação dos alunos e de abandono dos estudos, medidos no Censo Escolar, e notas em provas de português e de matemática no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). Para ter um bom Ideb, é preciso ter baixas taxas de reprovação e de abandono de estudos, além de resultados satisfatórios no Saeb. Essa avaliação é aplicada sempre no fim de cada etapa escolar: 5º e 9º ano do Ensino Fundamental, e 3º ano do Médio.

Os dados de 2021, contudo, são interpretados com cautela porque os números podem estar distorcidos, já que foram colhidos em condições que acabaram “mascarando”, de forma não intencional, o verdadeiro retrato da educação. Parte das redes de ensino adotou a aprovação automática na pandemia (e teve, portanto, um Ideb artificialmente mais alto). Também por causa da Covid-19, a porcentagem de alunos que fizeram a avaliação (Saeb) foi mais baixa em alguns estados.

Em 2019, porém, o Ensino Médio na rede pública estadual do RN alcançou Ideb 3,2, quando a meta era 4,2. Naquele ano, o Estado dividiu as piores colocações com Pará, Amapá e Bahia.
À reportagem, a titular da SEEC informou que um dos objetivos da pasta neste ano é ampliar o ensino integral, abrindo mais 37 unidades para isso. O ensino integral ainda é pouco difundido no Brasil, de acordo com o Censo Escolar realizado anualmente pelo Inep. Além da questão escolar, é importante ressaltar que a modalidade abarca diversas dimensões relacionadas ao desenvolvimento intelectual, físico, emocional, social e cultural de crianças e adolescentes.

“Acreditamos que a partir deste ano, as ações que estão no planejamento da SEEC contarão com a contribuição do Governo Federal”, ressaltou Socorro, ao citar que os novos IERNs (Instituto Estadual de Educação Profissional, Tecnologia e Inovação do Rio Grande do Norte) e a oferta de cursos de formação continuada para professores são alguns dos caminhos a serem seguidos na nova gestão.

Confira a entrevista na íntegra:

AGORA RN – Quais são as ações prioritárias da pasta para esse ano?
Socorro Batista – Os desafios são muitos, mas elevar a qualidade do ensino é trazer de volta à sala de aula os estudantes que estão fora da escola são objetivos centrais a serem alcançados. Os primeiros quatro anos da gestão Fátima Bezerra foram desafiadores, com a pandemia expondo deficiências históricas da rede. Agora é tempo de consolidar o que foi feito e avançar com qualidade, pois os pais e mães de estudantes esperam que seus filhos encontrem uma escola que os acolha e ofereça uma educação de qualidade. Nossos estudantes precisam ter oportunidades de acesso ao ensino de qualidade, à cultura, ao esporte, ao mundo digital e à qualificação profissional.

AGORA RN – O que será feito para recuperar o tempo perdido e de atraso em razão da pandemia?
Socorro Batista – Vivemos um novo momento na educação pública brasileira. Graças a posse do presidente Lula, o MEC voltou a cumprir seu papel, que é conduzir a política nacional de educação e contribuir com o processo de aprendizagem em todo o país. Acreditamos que a partir deste ano, as ações que estão no planejamento da SEEC contarão com a contribuição do Governo Federal. Destacamos o fortalecimento da cultura digital nas escolas, com internet banda larga, equipamentos, ações pedagógicas construídas com esses materiais, o monitoramento da aprendizagem, com a realização de avaliações periódicas para entendermos como está sendo esse processo nas escolas, ampliação das vagas da rede técnica, com a entrega dos novos IERNs e a oferta de cursos de formação continuada para professores são alguns dos caminhos que tomaremos.

AGORA RN – O ensino de tempo integral faz parte do planejamento?
Socorro Batista – Em 2018, a rede estadual de educação tinha, apenas, 48 escolas em tempo integral. A primeira gestão de Fátima Bezerra foi responsável por fazer esse número chegar a 92 unidades em 2022. Para esse ano, temos a perspectiva de abrir mais 37 unidades, chegando a marca de 131 unidades ofertando essa modalidade de ensino. Isso demonstra nosso empenho em ofertar um espaço onde o estudante possa passar mais tempo na escola, trabalhando seu projeto de vida e obtendo todo o suporte necessário.

AGORA RN – E a educação profissional?
Socorro Batista – Essa será fortemente beneficiada pelo Programa Nova Escola Potiguar, que já está com 10 unidades dos IERNs em construção. Quando prontos, eles se somarão aos 11 Centros Estaduais de Educação Profissional existentes e as mais de 60 unidades de ensino que ofertam cursos técnicos por todo o RN. Acreditamos que esse será o momento de maior expansão da rede técnica na esfera estadual.

AGORA RN – Como anda a implantação das unidades do Instituto Estadual de Educação Profissional, Tecnologia e Inovação do Rio Grande do Norte (IERN)?
Socorro Batista – Estamos trabalhando em duas vias: uma é a construção da estrutura física das unidades e as obras seguem dentro do cronograma e estamos iniciando as providências para a compra dos equipamentos que farão parte das mobílias de cada instituto. Outro aspecto é o pedagógico. Na SEEC está em curso todo o desenvolvimento dos conceitos, missão e objetivo que o IERN terá. Isso é importante pois é uma construção coletiva, onde todos os aspectos sociais, econômicos, culturais e educacionais estão sendo alinhados.

AGORA RN – O Rio Grande do Norte teve, em 2021, a pior nota do País no Ensino Médio Público da rede estadual, segundo dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O que será feito para melhorar esse cenário?
Socorro Batista – A implementação, em curso, do Programa Nova Escola Potiguar (PNEP), com construção de 12 IERNs, 10 novas escolas, 160 escolas reformadas ou ampliadas, a continuidade da formação de gestores da rede, a formação de docentes sintonizada com a Base Nacional Comum Curricular e com o Currículo Potiguar, a valorização dos profissionais da educação e a melhoria nas suas condições de trabalho, a destinação de verbas para recuperação e melhoria da infraestrutura física com manutenção em todas as escolas de forma mais ágil, via programa de descentralização, em conjunto com aquisição de equipamentos e laboratórios, a ampliação do número de escolas em tempo integral, garantia da alimentação e transporte escolar, a implementação e ampliação do acesso à internet são algumas das ações em curso que devem fazer a diferença nesse processo.

Agora RN

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