Do calor ao frio: Conheça as ‘cidades subterrâneas’ construídas para escapar das condições climáticas extremas; fotos

A mais de 85 metros de profundidade, a cidade de Derinkuyu, na Turquia, permaneceu ativa por milhares de anos
A mais de 85 metros de profundidade, a cidade de Derinkuyu, na Turquia, permaneceu ativa por milhares de anos — Foto: Reprodução

Em Coober Pedy, na Austrália, cerca de 3 mil pessoas vivem embaixo da terra. Isso porque, em meio às extremas condições climáticas da região, o calor pode ser muito intenso, e as temperaturas frequentemente ultrapassam os 45 graus no verão. Para escapar desse cenário, muitos habitantes optaram por morar em casas subterrâneas, conhecidas como “dugouts”. Mas eles não são os únicos: conheça, abaixo, algumas das “cidades subterrâneas” espalhadas pelo mundo.

A mais de 85 metros de profundidade, a cidade de Derinkuyu, na Turquia, permaneceu ativa por milhares de anos. Localizada abaixo das famosas “chaminés de fadas” da Capadócia, o espaço conseguia abrigar até 20 mil habitantes. Conhecida por ser a maior cidade subterrânea escavada do mundo, ela possui 18 níveis de túneis e foi habitada por frígios, persas e cristãos, no Império Bizantino.

O local teria sido abandonado em 1920 pelos gregos capadócios, que fugiram em massa para a Grécia, e foi redescoberto acidentalmente em 1963 por um morador. À BBC, um guia afirmou que o homem reformava a casa quando começou a perceber que suas aves estavam sumindo. Ele investigou o que estava acontecendo e, após cavar um pouco, desenterrou uma passagem escura — a primeira das mais de 600 entradas para a cidade subterrânea que foram encontradas em casas particulares.

Até hoje, a data exata da construção da cidade segue indefinida. Mas a referência mais antiga a Derinkuyu já encontrada está no livro Anábase, do historiador grego Xenofonte de Atenas, escrito em 370 a.C. Nele, o autor menciona o povo anatólio, que morava em “casas escavadas no subterrâneo” da Capadócia ou perto dela. Historiadores acreditam que as bases das cavernas foram feitas pelos hititas por volta do ano 1200 a.C.

Por ser uma cidade subterrânea, a construção também proporcionava um ambiente com temperaturas mais estáveis, seja no verão ou inverno. Além disso, o espaço era considerado seguro para residência, armazenamento de alimentos e água e proteção em tempos de perigo.

Matmata, no sul da Tunísia, é conhecida por suas casas subterrâneas escavadas nas rochas do deserto. Essas construções passaram a ser conhecidas internacionalmente após terem servido de cenário para o lar do personagem Luke Skywalker na saga Star Wars. Embora ainda seja difícil determinar quando essas residências foram construídas, elas são comumente atribuídas às comunidades berberes, que habitam a região há milhares de anos.

No Canadá, 32 quilômetros de túneis espalhados por uma área de 12 quilômetros quadrados compõem a Cidade Subterrânea de Montreal. O local, que em 2004 passou a se chamar RESO, começou a ser construído na década de 1960. Inicialmente, o objetivo era conectar algumas das principais áreas comerciais e edifícios da cidade por meio de túneis subterrâneos, o que traria mais proteção à população contra as condições climáticas adversas do inverno.

Ao longo dos anos, porém, esse sistema cresceu, e hoje abrange diferentes áreas da cidade. Além disso, conta com hotéis, restaurantes, galerias, lojas e estações ferroviárias e de metrô. O espaço também abriga cinemas, casas noturnas e até uma biblioteca. Existem mais de 120 pontos de acesso externos à cidade subterrânea do Canadá, e quase 500 mil pessoas passam pela construção diariamente.

Localizada perto de Cracóvia, a Mina de Sal de Wieliczka foi construída há mais de 700 anos. Ela foi desenvolvida por volta do século XIII, quando a extração de sal ainda era uma atividade de grande importância para a economia da região. A construção, que tem cerca de 300 quilômetros de extensão, hoje é reconhecida como um Patrimônio Mundial da Unesco, e é uma atração turística local. Ela abriga capelas, esculturas, lagos subterrâneos e até um sanatório de saúde respiratória.

Fonte: O Globo

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