Defesa de policiais que mataram PM da PB diz que vítima não se identificou durante ação

Da Tribuna do Norte – A investigação sobre a ação que resultou na morte do cabo da Polícia Militar da Paraíba, Edmo Tavares, ainda está em curso. No entanto, a defesa dos três policiais militares do Rio Grande do Norte envolvidos no caso confrontou relatos de testemunhas à Polícia Civil do estado vizinho. Segundo a advogada dos policiais, cabo Edmo não se identificou e atirou primeiro contra os policiais. A ação na Paraíba, ainda de acordo com a defesa, havia sido informada ao comando da PM em Nova Cruz.

Na versão apresentada por testemunhas à Polícia Civil da Paraíba, o cabo Edmo teria observado homens armados e com rostos cobertos nas ruas de Tacima, no interior paraibano, e entrou em confronto por entender que se tratavam de bandidos. Ainda de acordo com essas testemunhas, o PM da Paraíba, após ser atingido, identificou-se como policial, mas foi morto após ser perseguido pelos potiguares. Contudo, a versão contada pela defesa dos policiais do Rio Grande do Norte é diferente.

De acordo com a advogada Kátia Nunes, os policiais estavam fazendo uma ação de inteligência na área, em busca de um homem identificado como Lalo. Por se tratar de uma ação pequena e em que o objetivo era somente fazer o levantamento de informações, houve a comunicação da ação apenas ao 8º Batalhão de Nova Cruz, onde estavam lotados os policiais, e aos policiais militares que estavam em uma viatura e faziam a ronda ostensiva em Tacima. Porém, o que deveria ser somente um levantamento discreto, terminou em troca de tiros.

A advogada explicou que os policiais potiguares encontraram o alvo e decidiram fazer a prisão, já que havia mandado em aberto. “Lalo” estava com outro homem em um carro e os policiais realizaram a abordagem, anunciando a prisão. Segundo a defesa dos policiais, quando os suspeitos estavam rendidos e era feita a revista, cabo Edmo passou em um carro e efetuou os disparos. Foi quando os policiais do Rio Grande do Norte revidaram e iniciaram o confronto.

“Ele (cabo Edmo) fez uma opção pelo confronto estando em desvantagem numérica. Em situação de desvantagem você não pode abordar, nem entrar em confronto, é que regem as normas de procedimento aos policiais. Quando ele atirou, a polícia revidou para se defender”, explicou a advogada.

Na versão repassada pela advogada, ela garante que o PM baleado não se identificou, ao contrário do que está no inquérito e foi relatado por testemunhas que depuseram no caso. De acordo com Kátia Nunes, os policiais fizeram a perseguição ao PM da Paraíba por entenderem que se tratava de um bandido.

“O Edmo em momento algum verbalizou ser policial. Qual o motivo que os policiais do Rio Grande do Norte teriam para matar um colega? Os dois homens que foram presos pelos policiais admitiram que foi o cabo Edmo que chegou atirando”, relatou a advogada.

Sobre o motivo pelo qual o comando da PM potiguar ou paraibanos não foram informados sobre a ação, a advogada disse que, por se tratar de um caso somente de levantamento de informações, não era praxe a comunicação ao comando, sendo normal somente a autorização por parte do Batalhão.

“Os policiais do RN sempre estão na PB fazendo esses levantamentos, assim como os de lá também fazem aqui. É absolutamente normal. Infelizmente, ocorreu essa tragédia. Os policiais, que têm condutas irrepreensíveis ao longo de suas carreiras, estão muito abalados emocionalmente, jamais imaginaram que isso poderia acontecer. Não é fáci sobreviver a um confronto e que resulta em morte de um colega de farda”, disse a advogada, que também informou que os policiais deverão seguir afastados das funções devido ao abalo emocional.

Inquérito

Na investigação, testemunhas relataram que os policiais do Rio Grande do Norte estavam encapuzados e que, mesmo após cabo Edmo se identificar como policial, eles o perseguiram e mataram. Ao todo, foram quatro disparos, sendo um na perna, dois no tórax e um no queixo.

Os comandos da PM na Paraíba e Rio Grande do Norte não foram informados sobre a operação e a Polícia Civil da Paraíba investiga o caso, que ocorreu no dia 29 de outubro. A expectativa é que o inquérito seja finalizado até o fim de novembro.

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