Há mais de meio século, mais precisamente em 21 de julho de 1969, os astronautas a bordo da Apollo 11 chegaram à Lua e caminharam sobre sua superfície em seus trajes espaciais, enquanto o resto da humanidade assistia em suas televisões. Por volta de 1972, um total 11 homens já haviam caminhado sobre o satélite natural da Terra. Desde então, ninguém mais pisou nele.
Agora, a Nasa não só planeja retornar, mas também construir casas para prolongar a permanência no satélite, que serão adequadas tanto para astronautas quanto para pessoas comuns. A agência estima que até 2040 os americanos terão ali sua primeira área residencial no espaço.
Apesar disso, alguns cientistas da agência americana acreditam que os prazos estabelecidos são muito ambiciosos, porque ainda não foi possível voltar a pousar na Lua. A missão Artemis II, que deverá levar astronautas de novo ao satélite, foi adiada para setembro de 2025. Os quatro astronautas escalados para a missão não irão pousar na Lua.
O processo de construção dos imóveis na Lua será por meio de impressora 3D. Usando este método, as estruturas serão construídas camada por camada, com um concreto lunar especializado criado com todos os fragmentos minerais, rochas e poeira da camada superficial.
Mas, entre os vários obstáculos apresentados, há um em particular que se destaca dos demais: a poeira da superfície lunar. Ela é tão abrasiva que pode cortar como vidro, sendo também tóxica quando inalada.
Embora esta poeira se apresente como um problema, os cientistas dizem que também pode ser a solução. Visto que, se for possível fazer casas impressas em 3D na Terra com minerais encontrados localmente, os edifícios na Lua poderiam ser impressos com lama a partir do mesmo princípio.
Dessa forma, a NASA fez parceria com a empresa de tecnologia de construção ICON para conseguir atingir sua meta em 2040. Os planos ainda são renderizações, mas contaram com a contribuição de arquitetos para criar conceitos e projetos.
Uma das grandes desafios é o equipamento que a NASA pretende enviar à Lua. Antes de qualquer anúncio, ele deverá ser testado na Terra e ter sua resistência ao meio ambiente verificada. Outro aspecto a considerar é que viajar com pouca bagagem é essencial, porque cada quilo adicional transportado pelo espaço custa cerca de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5,13 milhões).
Uma casa, seja no espaço ou na Terra, não é apenas uma construção com paredes: ela precisa de uma porta e de objetos internos de uso comum. Neste caso, a agência espacial trabalha com diversas universidades e empresas privadas para criar protótipos de móveis e designs de interiores que resistam ao meio ambiente. Além disso, antes da construção das residências, a NASA planeja construir plataformas de pouso para naves que transportam impressoras 3D pousarem na Lua.
A Lua não é a única fronteira que a NASA pretende atravessar. A empresa tem um objetivo mais audacioso e ainda mais distante: construir em Marte. Os cientistas da agência pretendem que o satélite possa ser usado como parada intermediária, pois também acreditam que a água da superfície lunar pode servir de combustível para os foguetes
Além disso, em junho de 2023, quatro astronautas da NASA entraram no Mars Dune Alpha, uma estrutura de 160 metros quadrados impressa em 3D pela ICON, em Hudson, com Lavacrete tingido da mesma cor de ferrugem que predomina em Marte, e passarão um ano em condições simuladas, como prática para um dia realmente viver no planeta vizinho.
Fonte: O Globo