Coreia do Norte afirma ter lançado com sucesso satélite de monitoramento militar

TV exibe reportagem na imprensa sul-coreana sobre o lançamento de um satélite de monitoramento da Coreia do Sul

A agência estatal de notícias da Coreia do Norte, a KCNA, anunciou nesta terça-feira que o país colocou em órbita um satélite de monitoramento militar, depois de duas tentativas fracassadas em maio e em agosto. Ainda não há confirmação por parte dos governos de Coreia do Sul e Japão, e os Estados Unidos denunciaram o lançamento, apontando ser uma violação de sanções internacionais.

Segundo a KCNA, um foguete Cholima-1 levou, com sucesso, o satélite de reconhecimento Manrikyeong-1, até a altitude pré-determinada, e que não houve intercorrências que “ameaçassem a missão”. O lançamento ocorreu a partir da base de Sohae, na região do Mar Amarelo.

Pouco antes da confirmação de Pyongyang, autoridades militares da Coreia do Sul se pronunciaram, mas sem citar um eventual sucesso dos norte-coreanos.

“Às 22h43 de hoje (terça-feira, 21), nossos militares detectaram o satélite de reconhecimento militar reivindicado pela Coreia do Norte”, disse em mensagem à imprensa, o Comando do Estado-Maior Cojunto da Coreia do Sul. “Os nossos militares aumentaram a sua postura de alerta e mantêm-se totalmente preparados, cooperando estreitamente com os EUA e o Japão em informações relacionadas com satélites de reconhecimento militar da Coreia do Norte.”

Até o momento, não há confirmação independente de que o satélite esteja em órbita, além da nota da KCNA — a Coreia do Norte já conseguiu lançar com sucesso dois satélites, em 2012 e 2016.

— Estamos atualmente analisando o sucesso da separação de estágios do veículo de lançamento norte-coreano e se o satélite de reconhecimento entrou na órbita espacial — disse um oficial das Forças Armadas à Yonhap. O governo do Japão chegou a emitir um alerta para que os moradores da ilha de Okinawa, no Sul do país, buscassem abrigo, mas a ordem foi rapidamente cancelada.

Em comunicado, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA afirmou que a Casa Branca “condena veementemente o lançamento do Veículo de Lançamento Espacial pela Coreia do Norte usando tecnologia de mísseis balísticos”, e declarou se tratar de uma “violação flagrante de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que aumenta as tensões e o risco de desestabilizar a situação de segurança na região e além.”

Desde o mês passado, havia a expectativa de que os norte-coreanos tentassem, pela terceira vez, colocar um satélite militar de observação em órbita. O governo do Japão afirmou que uma janela de lançamento — quando há condições ideais para o sucesso da missão — começaria na quarta-feira, e estaria “aberta” até a sexta-feira da semana que vem. Mas os norte-coreanos parecem ter se antecipado, apesar do clima nublado e da previsão de neve para a região de Sohae.

O lançamento é a terceira tentativa da Coreia do Norte de colocar em órbita um satélite “espião”, parte central do plano do líder do país, Kim Jong-un, de modernizar as capacidades militares norte-coreanas. Na terça-feira, um artigo na KCNA afirmou que a iniciativa era “indispensável” para conter o que chamou de “tentativa americana de conseguir a supremacia na guerra espacial”.

“A perigosa tentativa dos Estados Unidos e dos seus aliados de usar todo o espaço exterior como meio de guerra de agressão para concretizar a sua estratégia de dominação mundial, enquanto falam abertamente sobre a tentativa de um ataque preventivo contra qualquer um, não pode ser justificada por nada” diz o texto. “A tentativa imprudente de militarizar o espaço por parte dos Estados Unidos e dos seus aliados exige que o nosso país acelere ainda mais os projetos de desenvolvimento espacial de autodefesa, incluindo o desenvolvimento de satélites de reconhecimento militar.”

Na primeira tentativa, no final de maio, houve uma falha na ignição do motor do segundo estágio. Na segunda, no dia 23 de agosto, o problema ocorreu no terceiro estágio do foguete. Segundo especialistas sul-coreanos, o satélite que está em órbita tem uma capacidade bem inferior de obter imagens, se comparado a equipamentos usados pelos EUA e aliados, mas ainda pode ser útil, uma vez que sua resolução, embora baixa, permite identificar veículos como tanques, caminhões e barcos.

Fonte: O Globo